28.9.07

(P)Edir e o molusco (1)

Deu-se ontem um fato emblemático. O autoproclamado “bispo” Edir Macedo inaugurou a Record News, um canal de jornalismo 24 horas, só que em TV aberta. No dia anterior, a TV Pública começava a sair do papel, com a indicação da jornalista Tereza Cruvinel para presidir a empresa. À sua maneira, trata-se da convergência histórica de dois neopentecostalismos. Um se finge de laico para ocultar a sua religião. O outro se finge de religioso para ocultar seus interesses laicos. Antes que volte a este ponto, algumas informações adicionais.

A solenidade, como é comum quando empresas de comunicação expandem seus negócios, contou com a presença de autoridades. Estiveram lá o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; o governador do estado, José Serra, e, não poderia faltar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Aquele que se diz “bispo” não titubeou e afirmou, numa referência velada à Rede Globo: “Fomos injustiçados por muitos anos nas mãos de um grupo de comunicação que mantinha e mantém, por enquanto, o monopólio da notícia do Brasil. Daí surgiu o nosso desejo de levar ao fim esse monopólio, de dar às pessoas o direito de se informar por outro canal de notícias, de formar opinião por si mesmas. Daí surgiu nosso desejo em democratizar a informação".

Lula também discursou: “A estréia do canal Record News representa um grande momento para a história da televisão brasileira e contribui para que os cidadãos exerçam aquele que é um dos mais sagrados direitos democráticos: o acesso à informação". E, sabe-se lá por quê, encerrou sua fala com um "Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós", lembrando o Hino da República.

Sem dúvida, Lula e Macedo são “homens livres” — inclusive do senso de limites. O “bispo”, que sempre se negou a ser tratado como “dono” da Rede Record — a emissora está em nome de pessoas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus —, desta feita, é apresentado como “proprietário” da Record News, sem subterfúgios.

A nova emissora demandou investimentos da ordem de US$ 7 milhões. No mercado, há quem diga que é muito mais. Se não era o dono da Record e se o dinheiro da sua seita não pode ser transferido para empresas comerciais — na lei, não pode —, de onde vêm os recursos? Qual a origem de sua fortuna?

Em 1992, o valente foi preso sob a acusação de charlatanismo, curandeirismo e estelionato. A perseguição a que ele se refere tem a ver com a reportagem apresentada peo Jornal Nacional sobre os métodos a que ele recorria e recorre — basta ver a transmissão dos cultos na Record — para arrecadar dinheiro dos fiéis. As imagens que estão no post acima [o famoso vídeo em que Macedo orienta seus pastores a arrecadar ofertas] falam por si. Revela-se ali a origem da fortuna de Edir Macedo e a moralidade daquele que diz querer democratizar a comunicação no Brasil.

fonte: blog do Reinaldo Azevedo

Um comentário:

Dos dois lados do Equador disse...

Se há esperança para esse "povo"?

Bem, não sei, sei que no Livro "Confissões de Pastor" do Caio, está dito para quem quiser ler (e nunca desmentido, diga-se de passagem) que ele usa cocô para pegar seus fiéis, utilizando-se uma metáfora para dizer... que eles fazem muita merda.

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