Deu-se ontem um fato emblemático. O autoproclamado “bispo” Edir Macedo inaugurou a Record News, um canal de jornalismo 24 horas, só que em TV aberta. No dia anterior, a TV Pública começava a sair do papel, com a indicação da jornalista Tereza Cruvinel para presidir a empresa. À sua maneira, trata-se da convergência histórica de dois neopentecostalismos. Um se finge de laico para ocultar a sua religião. O outro se finge de religioso para ocultar seus interesses laicos. Antes que volte a este ponto, algumas informações adicionais.
A solenidade, como é comum quando empresas de comunicação expandem seus negócios, contou com a presença de autoridades. Estiveram lá o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; o governador do estado, José Serra, e, não poderia faltar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Aquele que se diz “bispo” não titubeou e afirmou, numa referência velada à Rede Globo: “Fomos injustiçados por muitos anos nas mãos de um grupo de comunicação que mantinha e mantém, por enquanto, o monopólio da notícia do Brasil. Daí surgiu o nosso desejo de levar ao fim esse monopólio, de dar às pessoas o direito de se informar por outro canal de notícias, de formar opinião por si mesmas. Daí surgiu nosso desejo em democratizar a informação".
Lula também discursou: “A estréia do canal Record News representa um grande momento para a história da televisão brasileira e contribui para que os cidadãos exerçam aquele que é um dos mais sagrados direitos democráticos: o acesso à informação". E, sabe-se lá por quê, encerrou sua fala com um "Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós", lembrando o Hino da República.
Sem dúvida, Lula e Macedo são “homens livres” — inclusive do senso de limites. O “bispo”, que sempre se negou a ser tratado como “dono” da Rede Record — a emissora está em nome de pessoas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus —, desta feita, é apresentado como “proprietário” da Record News, sem subterfúgios.
A nova emissora demandou investimentos da ordem de US$ 7 milhões. No mercado, há quem diga que é muito mais. Se não era o dono da Record e se o dinheiro da sua seita não pode ser transferido para empresas comerciais — na lei, não pode —, de onde vêm os recursos? Qual a origem de sua fortuna?
Em 1992, o valente foi preso sob a acusação de charlatanismo, curandeirismo e estelionato. A perseguição a que ele se refere tem a ver com a reportagem apresentada peo Jornal Nacional sobre os métodos a que ele recorria e recorre — basta ver a transmissão dos cultos na Record — para arrecadar dinheiro dos fiéis. As imagens que estão no post acima [o famoso vídeo em que Macedo orienta seus pastores a arrecadar ofertas] falam por si. Revela-se ali a origem da fortuna de Edir Macedo e a moralidade daquele que diz querer democratizar a comunicação no Brasil.
fonte: blog do Reinaldo Azevedo
28.9.07
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Um comentário:
Se há esperança para esse "povo"?
Bem, não sei, sei que no Livro "Confissões de Pastor" do Caio, está dito para quem quiser ler (e nunca desmentido, diga-se de passagem) que ele usa cocô para pegar seus fiéis, utilizando-se uma metáfora para dizer... que eles fazem muita merda.
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