O barco fica ancorado na Marina da Glória, com vista para o Pão de Açúcar. "O lugar é uma beleza de se ver", diz a moça, que antes morava em Niterói. Mariana vive há dois anos no Oceano Atlântico, mas até agora era o primogênito quem cuidava sozinho dos afazeres náuticos. Agora a situação vai mudar. "Nos dias de mar agitado, vou ter de ficar de olho nas amarras", afirma. "Também preciso contratar os serviços de marinheiros, que vistoriam o barco toda semana, e de mergulhadores, que checam o casco."
Mariana é um caso raro no Brasil, apesar dos generosos 8,6 mil quilômetros de extensão da costa brasileira. Além dela, apenas outra família reside nas águas da Glória. A Marina Bracuhy, em Angra dos Reis, contabiliza 40 moradores. Um deles é Luiz Tassinari, 50 anos, que há cinco trocou uma vida confortável em Curitiba pelo litoral fluminense. Tassinari era um workaholic clássico. Depois de um acidente doméstico, decidiu largar tudo. Vendeu sua consultoria e comprou, por R$ 320 mil, um veleiro de 41 pés, onde mora com a mulher. Hoje, presta consultoria financeira, trabalho feito às vezes em alto-mar ou com o barco ancorado em alguma ilha no Rio de Janeiro. "Realizei meu sonho de simplicidade", diz.
Profissional com uma carreira em ascensão, Mariana decidiu viver no mar por uma questão logística. Seus pais, os donos do barco, residem em Niterói, e de lá ela demoraria pelo menos uma hora e meia para chegar à sede da Ernst & Young, onde trabalha, na Barra da Tijuca. A partir da Marina da Glória, o trajeto de carro não demora mais de 40 minutos.
Também há razões financeiras. O aluguel de um apartamento de três dormitórios na região da Barra custa algo como R$ 1,5 mil, o mesmo que ela gasta para se manter no mar, incluindo o condomínio da marina, serviços náuticos, água e luz. De acordo com a auditora, as noites são especialmente silenciosas. Desvantagens? Os cômodos não são muito espaçosos e nas ressacas, o barco balança. É pouco, muito pouco, para quem tem o Atlântico como quintal.
fonte: Época Negócios
Nenhum comentário:
Postar um comentário