Comemoramos hoje o 31 de outubro de 1517, o dia em que o monge agostiniano Matinho Lutero afixou nas portas da Igreja do Paço de Wittemberg as suas famosas “95 Teses”, deflagrando um dos mais importantes movimentos da História do Cristianismo: a Reforma Protestante do Século XVI, da qual nós, os Anglicanos, somos parceiros e legítimos herdeiros. 31 de outubro é véspera de 01 de novembro, “Festa de Todos os Santos”, de todos os salvos, de toda a Igreja, militante e triunfante.
Assim como John Wycliffe e os seus discípulos, os “lolardos” viveram a sua experiência da “Pré-Reforma” nas Universidades de Cambridge e Oxford, na Inglaterra, Martinho Lutero e seu braço direito Phillip Melanchton eram professores da Universidade de Wittemberg, e foi em seu ambiente que a Reforma foi gestada.
Hoje comemoramos – e devemos comemorar sempre – a autoridade e a centralidade das Sagradas Escrituras como fonte de Revelação; a centralidade de Jesus Cristo como único Senhor e Salvador; a centralidade da Salvação pela Graça mediante a Fé. Assim fazendo estaremos sempre sendo fiéis à Tradição Apostólica e à reforma permanente da Igreja, que atualiza seus métodos e contextualiza suas ênfases, sem abandonar a sua missão nem o núcleo central de suas crenças.
Tenho em minha memória o dia da minha Confirmação, 31 de outubro de 1963, e os doze anos fecundos passados como membro da co-irmã da Primeira Reforma: a Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB).
A invenção das “denominações” (são mais de 38.000 hoje em dia), a negação teórica ou prática do Episcopado, o legalismo, as afirmações positivas, a batalha espiritual, a teologia da prosperidade, o individualismo subjetivista (com a “mediunidade evangélica”), a rebeldia contra as instituições, as normas e as autoridades constituídas, o liberalismo, são sinais de que o Protestantismo se afastou quase que totalmente dos ideais, propostas e visões dos seus líderes primeiros. O nome “protestantismo” hoje significa qualquer coisa, menos o Protestantismo propriamente dito: a Reforma bíblica da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, com profundidade, seriedade, ordem, decência, sacrifício e compromisso.
Por defender essa reforma é que o Arcebispo de Cantuária Thomas Cranmer (e tantos bispos, ministros e leigos) foi preso e morto queimado vivo numa estaca no centro de Oxford.
A Diocese do Recife, cujos documentos doutrinários oficiais são consentâneos com os verdadeiros princípios protestantes, conclama aos seus membros, e a todo o povo de Deus, nesta data, a comemorar esses feitos, conhecendo-os em profundidade, expurgando a nossa espiritualidade de todo mundanismo e de todo desvio, retomando a Reforma, fazendo-a, pelo Espírito Santo, viva outra vez, pois, sempre: “Castelo Forte é o Nosso Deus”.
Robinson Cavalcanti, bispo diocesano e escritor.
31.10.07
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário