Quem tem contato com a simpática figura de Emilio Munaro, de 37 anos, diretor de propriedade intelectual da Microsoft, em São Paulo, pode realmente não imaginar, mas essa pessoa tranqüila já foi um daqueles profissionais que vivem impacientes, são intolerantes e prepotentes, acham que são donos de todo o conhecimento do mundo e simplesmente menosprezam os que têm menos agilidade de raciocínio.
Há cerca de dois anos, no entanto, quando esse ex-católico fervoroso e ex-espírita cético adotou o budismo tibetano como filosofia de vida, tudo mudou. “As coisas continuaram acontecendo da mesma forma, mas a minha percepção passou a ser completamente diferente”, diz o executivo.
ROTINA TRANSFORMADA
O que ele fez, na prática, foi aplicar os princípios do budismo para melhorar sua rotina — tema do recém-lançado livro Equilíbrio no Trabalho, Princípios da Filosofia Budista para Melhorar o Dia-a- Dia Estressante (Ed. Nova Era), de Michael Carroll, diretor-fundador da consultoria americana Awake at Work Associates. O resultado foi a transformação daquele executivo caricato num profissional mais tranqüilo e feliz. “Agora, consigo viver com menos ansiedade e estresse”, diz ele.
Viver tranqüilamente com uma rotina como a dele não é tarefa para qualquer um. Emilio, que comanda uma equipe de nove pessoas, fica de 10 a 12 horas por dia no escritório e, semanalmente, passa de 30 a 35 horas em reuniões. Além disso, a cada ano viaja de seis a oito vezes para o exterior e, semanalmente, faz uma ou duas viagens nacionais, principalmente a Brasília, por causa de seus compromissos com o Ministério da Justiça — ele é conselheiro titular do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos Contra a Propriedade Intelectual pela Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes).
Sua fórmula para tornar os dias menos estressantes foi adotar algumas práticas para exercitar a compreensão e a tolerância. Antes de explodir com qualquer pessoa, por exemplo, ele aprendeu a ir para a sua sala e ficar lá até se acalmar. “Entendi que muitas vezes o problema não está na velocidade de compreensão do outro, mas na minha forma de demonstrar meu raciocínio”, diz. A válvula de escape para alguns momentos de fúria é um e-mail, que ele escreve, mas não manda.
“Coloco lá tudo o que tenho vontade de dizer, mas não o envio antes de reler com muita calma”.
Antes de uma reunião complicada, Emilio faz um mantra para neutralizar as energias e trazer harmonia ao ambiente. Para tomar uma decisão a respeito de algum funcionário, ele pensa no que gostaria (ou não) que fizessem com ele. “Tudo o que você faz, de bom ou mau, retorna para você”, acredita. Outra lição que aprendeu com o budismo foi que as palavras têm força. “Algumas, que eu usava com freqüência, nem tenho mais coragem de repetir. Não digo que vou matar alguém, por exemplo, por mais irritado que eu esteja”, conta ele.
HORA DE MEDITAR
Por mais agitada e corrida que esteja a rotina, Emilio não abre mão de fazer pelo menos uma hora e meia por semana de meditação. “É isso o que me ajuda a ficar ‘tranqüilo’ mesmo vivendo nesse ritmo de trabalho”, diz ele.
Segundo Michael Carroll, a meditação mais comum ensinada nas escolas budistas, que é a meditação sentada ou com presença consciente, pode ajudar quem deseja se relacionar com o trabalho de modo mais sensato e alegre. “Na meditação sentada aprendemos a ficar parados, vivenciando diretamente nossas mentes e nossos corações, bem como o momento presente”, afirma. Para meditar assim, é preciso sentar-se de forma ereta, pernas cruzadas, numa cadeira ou almofada no chão, com olhos entreabertos e mãos sobre as coxas. “Respiramos normalmente e ficamos sentados e imóveis”, explica o autor.
Apesar de budista, Emilio não deixou de ser um profissional “agressivo”. “Continuo mantendo a agressividade nos negócios, na estratégia, não no trato com as pessoas. Essa agressividade é positiva e diferente de grosseria”, explica. O executivo também não abriu mão do conforto e do consumo para ser budista. “Eu amo perfumes”, diz, rindo. Para ele, não há contradição alguma: “O traje não faz um budista. É preciso mudar internamente”. A única coisa que ele não compra são cabides. “Logo que compro uma camisa, tiro outra do armário para doação. Meu guarda-roupa tem sempre o mesmo tamanho.”
Para viver melhor
O livro Equilíbrio no Trabalho destaca 35 princípios que podem ajudar a diminuir o estresse no dia-a-dia. Abaixo, resumimos (livremente) os quatro princípios básicos:
1. Busque o equilíbrio entre “chegar a algum lugar” e “estar em algum lugar”. Não basta saber onde você quer estar daqui a algum tempo, é preciso estar “consciente” e “desperto” no trabalho hoje.
2. Viva o presente. Isso quer dizer perder menos tempo com diálogos mentais que ensaiam o que você poderia ter feito de forma diferente ou o que pretende fazer no futuro.
3. Comporte-se de forma honesta, responsável e respeitosa, em toda ocasião.
4. Reconheça que “o trabalho é uma confusão” e tenha criatividade, bom humor e curiosidade para adaptar e inovar o que não sair conforme o esperado.
fonte: revista Você S/A
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Questões p/ reflexão:
1- Qtos pastores e líderes vc conhece que são calmos e dóceis, ilustrando a mansuetude de Jesus?
2- Por que a maioria dos budistas parece demonstrar de forma + efetiva que houve mudança de comportamento após adotarem os princípios da religião?
3- Quantos preletores cristãos têm sido convidados pelas empresas p/ falar que a adoção de princípios bíblicos contribui p/ melhorar o ambiente de trabalho e obter melhores resultados? Ou não?
15.10.07
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