Uma conta conjunta do casal e da filha, Fernanda, no Wachovia Bank, em Boca Del Mar, na Flórida, recebeu durante cinco anos e meio US$ 1,898 milhão em créditos. A bolada, equivalente a R$ 3,5 milhões, foi depositada no banco americano entre dezembro de 2000 e julho do ano passado.
As remessas costumavam ser feitas em pequenas quantias. Uma técnica muito utilizada por quem quer escapar da vigilância das autoridades fiscais americanas, segundo especialistas. De acordo com um documento obtido por ÉPOCA, os créditos vinham crescendo nos últimos tempos. Entre 29 de dezembro de 2005 e 27 de janeiro de 2006, por exemplo, foram depositados US$ 146.987,35 na conta. No mesmo período, os débitos em cheques somaram US$ 113.917,74.
A soma creditada na conta dos Estados Unidos nem é tão grande assim se comparada ao que Sônia, Estevam e os filhos esbanjavam no Brasil. “Eles costumavam gastar mensalmente entre R$ 500 mil e R$ 600 mil só com despesas pessoais”, diz o promotor Marcelo Mendroni. Eram freqüentadores de restaurantes como Fogo de Chão e Rubaiyat e clientes de lojas de grife como a Ermenegildo Zegna, do Shopping Iguatemi, e a megabutique Daslu.
Nos Estados Unidos, os dólares eram destinados ao pagamento apenas de despesas pessoais da família em lojas de departamento, como as populares Macy’s e Sears. Mas, também, para custear luxos como o financiamento de dois automóveis Lincoln e Cadillac.
O juiz do caso, Paulo Antônio Rossi, da 1ª Vara Criminal de São Paulo, e o promotor Marcelo Mendroni não se manifestaram sobre o conteúdo do documento. Mendroni, no entanto, afirma que grande parte do dinheiro foi enviada ilegalmente para os Estados Unidos, por intermédio de doleiros. “Há fortes indícios de que a origem desses recursos seja ilícita. O que configura lavagem de dinheiro”, diz. O advogado dos Hernandes, Luiz Flávio Borges D’Urso, disse que não poderia fazer comentários porque desconhecia o assunto.
Estevam e Sônia são proprietários de uma mansão avaliada em US$ 2 milhões em Boca Raton, na Flórida . Eles costumavam viajar para o local pelo menos duas vezes por ano. “Em cada uma dessas viagens, eles levavam em média US$ 100 mil não declarados, em espécie”, afirma Mendroni.
Em janeiro, o casal foi preso ao tentar desembarcar no aeroporto de Miami com US$ 56,4 mil não declarados à alfândega americana. A ilegalidade rendeu a cada um deles a condenação a 140 dias de cadeia, cinco meses de prisão domiciliar e mais dois anos de liberdade vigiada nos Estados Unidos.
As penas estão sendo cumpridas de maneira intercalada. Enquanto Estevam está na cadeia, Sônia cumpre prisão domiciliar. Em janeiro, será a vez da bispa ser encarcerada. “Eles preferiram cumprir pena em períodos distintos para poder tocar a igreja, mesmo de longe”, afirmou o bispo José Bruno em um evento no Espaço Renascer na manhã de 30 de agosto. À Justiça americana, o casal havia dito que o motivo seria cuidar do filho mais novo, ainda adolescente.
A nova descoberta do MP complica ainda mais a situação dos Hernandes com a Justiça brasileira. Sônia e Estevam respondem a três processos criminais no país. São acusados de lavagem de dinheiro, estelionato, falsidades diversas e sonegação fiscal. Na área cível, a bispa e o apóstolo e empresas ligadas a eles são réus em 84 ações apenas no Estado de São Paulo. A maioria delas refere-se a ações de despejo, execução de títulos e pedidos de indenização.
fonte: revista Época
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