Uma das ambições de qualquer homem ou mulher de negócios é entender os hábitos e os desejos dos consumidores. Tradicionalmente, o caminho para aproximar essa ambição do mundo real é detectar o padrão de comportamento da maioria levando em conta variações como faixa etária, sexo e nacionalidade. O senso comum estabeleceu que, para definir estratégias de mercado, é preciso identificar grandes grupos que compartilhem os mesmos costumes.
O americano Mark Penn, principal mentor de Hillary Clinton em sua campanha presidencial, vem se notabilizando por fazer exatamente o contrário. Em vez de perseguir multidões, Penn detecta pequenos grupos de pessoas que, à primeira vista, têm pouco em comum - mas que juntas têm efeito transformador.
Há mais de uma década, como estrategista do ex-presidente americano Bill Clinton, ele identificou o poder de influência das soccer moms, as "mamães do futebol". Nas eleições de 1992 e 1996, as vitórias de Clinton foram atribuídas em parte às eleitoras que gastavam boa parte do tempo levando os filhos para jogar futebol depois da escola e eram sensíveis a questões como saúde e educação - temas prioritários do candidato. É com essa fama de observador arguto que Penn, hoje presidente da empresa de relações públicas Burson-Marsteller, acaba de lançar nos Estados Unidos o livro Microtrends (ou "Microtendências", sem versão em português).
Ao longo de 15 capítulos, Penn descreve 75 microtendências que dizem respeito a aspectos diversos. Os temas variam de "casais sem filhos que tratam animais de estimação como a uma criança" a "expansão do universo de crianças vegetarianas". Segundo o autor, a maior parte das descobertas lucrativas daqui para a frente surgirá da observação desses pequenos grupos. As descrições das microtendências são como breves insights - recheados com dados estatísticos - sobre alguns dos mais promissores desses grupos e o impacto que eles deverão ter no futuro.
O conceito é semelhante ao que o jornalista americano Chris Anderson usou em seu best-seller A Cauda Longa, sobre a economia dos nichos (a diferença é que Anderson se concentrou nas empresas dispostas a atender esses nichos). "O poder de escolha do indivíduo nunca foi tão grande, e padrões para essas escolhas nunca foram tão difíceis de entender e analisar", diz Penn em seu livro.
fonte: Exame
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