Parecia mais coisa para economista, e eu não sou da turma. Leio os caras, é verdade, mas, desculpe a franqueza, acho-os chatos (exceção: Eduardo Giannetti). Alguém ainda agüenta debates sobre política monetária? Meta de inflação? Reunião do Copom? Respostas pela ordem: não, não, não.
Bem, por vezes é conveniente ser franco-atirador. Sem o pedigree dos ph.Ds., me senti liberado. Se dissesse besteira, teria a desculpa de não ser especialista. Fui pesquisar, anotei temas e explicações que pareciam definir um padrão, e fui costurando fragmentos de idéias de outros.
Baseei essa “costura” em evidências sustentadas pelo que a ciência sabe da natureza humana. Acho que cheguei a algo, mas é você quem julga. Uma coisa, de saída, pareceu certa: a “culpa” pela falta de inovação no Brasil não é das empresas.
Empresas são animais econômicos previsíveis – elas vão aonde o dinheiro está. Se têm uma certeza razoável de que vale a pena investir em inovação (ou em qualquer outra coisa), elas o farão. Se não fazem, é porque o retorno disso é incerto. O que está por trás dessa incerteza é o seguinte: o nível de inovação de um país depende de um certo tipo de software.
Todo grupo humano – seja um país, seja uma empresa – tem um sistema operacional que define o que o grupo pode fazer. Que características deve ter o sistema operacional de um país para que ele seja capaz de inovar? A lista que compilei tinha elementos que estavam presentes em lugares tão diferentes como Suécia, Japão e Estados Unidos, por exemplo.
Como Tolstói poderia ter dito, os países inovadores são ricos de maneira muito semelhante – têm sistemas operacionais que geram os mesmos efeitos. Países não inovadores, porém, são pobres cada um a sua maneira. Seus sistemas operacionais “dão pau” cada um de seu jeito.
Clemente Nóbrega, na introdução da matéria de capa da revista Época Negócios. Leia +
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