17.10.07

Livrarias em perigo

Das 2.600 livrarias brasileiras, 70% são de pequeno e meio porte, com um faturamento mensal entre R$ 35 mil e 45 mil. Este é um dos dados que compõem O Diagnóstico do Setor Livreiro no Brasil, em fase final de compilação, que a Associação Nacional de Livrarias (ANL) desenvolve.

O ganho bruto destes estabelecimentos gira por volta de 25%, com um lucro – tudo correndo sem problemas – de 5%, ou seja, R$ 2.000,00, muito aquém do ideal. Infelizmente, percebemos que cada vez menos empresários buscam investir num negócio que exige muito trabalho, esforço pessoal e com um ganho real tão baixo.

A Pesquisa do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada no último dia 17 de setembro reforça esta nossa percepção. O Instituto anunciou que entre os anos de 1999 e 2006, o número de municípios que possuem livrarias no país caiu 15,5%. Em 2006, elas estavam presentes em apenas 30% dos 5.564 municípios, enquanto que em 1999 este percentual era de 35,5%.

O diagnóstico da ANL localizou cerca de 2.600 livrarias em todo o território nacional, importante destacarmos que consideramos para este número as livrarias com uma média entre 10 e 15 mil livros em exposição. Deste total 53% estão localizadas no Sudeste; 15% no Sul; 20% no Nordeste; apenas 5% no Norte; 4% no centro Oeste e 3% no Distrito federal.

Segundo estatísticas da ONU o ideal para um município é 1 livraria para cada 10 mil habitantes. No Brasil um número perto do razoável seria de 4.900 livrarias. Estamos muito longe desta realidade, num estado como Rondônia, por exemplo, com 657.302 mil habitantes temos apenas 4 livrarias; em São Paulo detectamos 676 para 40.000.056 habitantes.

Este quadro atual do segmento livreiro acaba criando uma ‘ciranda negativa’. Menos livrarias, menos pontos de vendas para a exposição dos mais de 2 mil títulos lançados mensalmente pelas editoras brasileiras, fazendo com que as editoras diminuam cada vez mais a tiragem dos livros – com exceção de poucos best sellers – que hoje giram em torno de 1.500 a 2 mil exemplares na primeira edição. Automaticamente o preço do livro, em escala, acaba acima do desejado, diminuindo o nº e leitores.

Para o segmento como um todo, que emprega por volta de 35 mil profissionais livreiros diretos, o comprometimento do Estado em leis que regulamentem o setor, sem dúvida, se faz necessário para sua manutenção, principalmente, para as independentes.

Entre as diversas ações em debate, neste sentido — durante a 17ª Convenção Nacional de Livrarias - desafios & novas realidades, realizada pela ANL, na cidade o Rio de Janeiro, que aconteceu entre os dias 10 e 12 de setembro de 2007 — discutiu-se a consolidação de leis que venham a proteger o segmento livreiro, principalmente as de pequeno e médio porte. Projetos de lei que regulamente a política de vendas, onde todo o setor possa atuar e trabalhar em igualdade de condições nas práticas comerciais, evitando desta forma o prejuízo de toda a cadeia livreira.

Acreditamos que, no prazo médio de 10 anos, com uma atitude mais direta por rate do Governo Federal, podemos aumentar o número per capita de leitura por brasileiro, que hoje é de menos de 2 livros por leitor, por ano, para 3,5, invertendo o caminho negativo atual. Aumentando o nº de livrarias, elevaria automaticamente a tiragem da edição para 4 mil exemplares por lançamento, o que levaria a diminuição do preço final do livro.

Ou corremos um sério risco, muito real, de extinção das pequenas é médias livrarias independentes. Já vimos este filme, não faz muito tempo, no segmento de discografia, quando desapareceram as melhores lojas de discos e cds especializadas e independentes do país.

fonte: O Globo

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