6.10.07

Tributo aos meus amigos

Poesia verde-amarela c/ Zé Renato e Zélia Duncan.

Amigo é casa
Capiba/Hermínio Bello de Carvalho

Amigo é feito casa que se faz aos poucos
e com paciência pra durar pra sempre
Mas é preciso ter muito tijolo e terra
preparar reboco, construir tramelas

Usar a sapiência do joão-de-barro
que constrói com arte a sua residência
a que o alicerce seja muito resistente
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger

E há que fincar muito jequitibá
e vigas de jatobá
e adubar o jardim e plantar muita flor
toiceiras de resedás

Não falte um caramanchão
pros tempos idos lembrar
que os cabelos brancos vão surgindo
que nem mato na roceira que mal dá pra capinar

E há que ver os pés de manacá
cheinhos de sabiás
sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis
choro de imaginar!

Pra festa da cumieira não faltem os violões!
Muito milho ardendo na fogueira
e quentão farto em gengibre
aquecendo os corações

A casa é amizade construída aos poucos
e que a gente quer com beira e tribeira
Com gelosia feita de matéria rara
e altas platibandas, com portão bem largo
que é pra se entrar sorrindo
nas horas incertassem fazer alarde,
sem causar transtorno

Amigo que é amigo quando quer estar presente
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer

Amigo a gente acolhe e recolhe e agasalha
e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete
oferece pra gente o melhor que tem
e o que nem tem quando não tem, finge que tem,
faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.

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