18.11.07

Nossa senhora do bom roubo

Escutas telefônicas feitas pela polícia mostram a ação de uma quadrilha especializada em roubo de relógios de luxo em São Paulo. O grupo é investigado há dois meses. Parte dele foi preso esta semana. Uma das vítimas do bando foi o apresentador Luciano Huck, que teve o Rolex roubado.

A polícia registrou a conversa dos ladrões pouco antes dos assaltos. O grupo é organizado. Uma parte dos bandidos escolhe as vítimas. A outra faz a perseguição e finaliza o crime.

O ponto de partida é um dos shoppings mais luxuosos da capital. A ação começa quando um integrante da quadrilha, chamado de olheiro, escolhe entre as pessoas que fazem compras quem usa relógio caro. Ele avisa os ladrões que estão na rua.

Nas gravações, o homem apontado como o chefe da quadrilha, indica quem será o alvo. "É uma mulher que está dirigindo. Pode vir sossegado." Do lado de fora do shopping, dois homens recebem as instruções. A dupla foi filmada pela polícia. Eles ficam parados na porta, cada um em um carro. Quando recebem o sinal, partem atrás das vítimas.

“O do banco da frente, mano, é o principal. Aquela Audi ali, tá vendo, não?”, diz o suposto chefe do bando. “Tô vendo. Tem uns quatro”, responde o comparsa. O homem apontado pela polícia como chefe do grupo vai para um dos carros, dando início à perseguição. No trânsito, as conversas continuam. Segundo a polícia, biscoito significa arma. “Viu, já pode tirar o biscoito. Passa um pouquinho do bar que já dá pra assaltar o menino já.”

Proteção
As escutas também revelam que antes de ser preso, em São Paulo, o suposto chefe da quadrilha pediu proteção à padroeira do Brasil. “Tô na (Basílica de) Aparecida. Vim rezar para os nossos pecados”, diz o suspeito.

Curitiba
Segundo a polícia, a quadrilha age há três anos nas ruas de São Paulo, mas em 2007 começou a roubar também em Curitiba, no Paraná. Assim como na capital paulista, os ladrões atuam em bairros nobres de Curitiba. E também no aeroporto.

"Uma das vítimas inclusive, quando desceu do avião, tirou o relógio e colocou no bolso, foi abordado e o indivíduo pediu o relógio que estava no bolso. Ele tava visualizando a pessoa no saguão do aeroporto", conta o delegado Rubens Recalcati.

O advogado Marcos Granato foi assaltado em Curitiba da mesma forma que as vítimas de São Paulo. Ele diz que nunca mais vai andar com relógio valioso e exige punição para os criminosos. "Quem rouba tem de ser punido no rigor da lei", afirma Granato.

Segundo a polícia, são poucas as vítimas que registram o roubo. "Somente um terço procura elaborar um boletim de ocorrência. Por diversos motivos: não querem aparecer e também nós sabemos que muitos dos relógios entram de uma maneira irregular no país, sem pagar o tributo", diz o delegado Erasmo Pedroso Neto.

fonte: G1

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