Só aos lábios o reveles,
Pois o vulgo zomba logo:
Quero louvar o vivente
Que aspira a morte no fogo.
Na noite em que te geraram,
Na noite que geraste, sentiste,
Se calma a luz que alumiava,
Um desconforto bem triste.
Não sofres ficar nas trevas
Onde a sombra se condensa.
E te fascina o desejo
De comunhão mais intensa.
Não te detém as distâncias,
Ó mariposa! e nas tardes,
A vida de luz e chama,
Voas para a luz em que ardes.
Morre e transmuda-te: enquanto
Não cumpres esse destino,
És sobre a terra sombria
Qual sombrio peregrino.
Como vem da cana o sumo
Que os paladares adoça,
Flua assim da minha pena
Flua o amor o quanto possa.
Goethe
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