14.11.07

¿Por que no te callas? (2)

As paredes, a distância e o tempo ficaram reduzidos a zero. Parecia irreal. Nunca acontecera um diálogo parecido entre Chefes de Estado e de Governo, que quase na sua totalidade representavam países pilhados durante séculos pelo colonialismo e pelo imperialismo. Nenhum facto podia ser mais didáctico.

O sábado 10 de Novembro de 2007 passará à história da nossa América como o dia da verdade.
O Waterloo ideológico aconteceu quando o Rei da Espanha lhe perguntou a Chávez de forma abrupta: Porquê não te calas?" Nesse instante todos os corações da América Latina vibraram. O povo venezuelano, que deve responder sim ou não no próximo 2 de Dezembro, estremeceu-se ao viver de novo os dias gloriosos de Bolívar. As traições e os golpes baixos que recebe diariamente o nosso inesquecível irmão, não farão mudar esse sentimento do seu povo bolivariano.

Ao chegar Chávez ao aeroporto de Caracas, procedente de Chile, e escutar directamente da sua boca os planos de misturar-se com as multidões, como o tem feito tantas vezes, compreendi com absoluta clareza que, dadas as circunstâncias actuais e a vitória ideológica de grande transcendência por ele obtida, um assassino a soldo do império, um oligarca aviltado pelos reflexos que plantou a maquinaria de publicidade imperial, ou um perturbado mental, poderiam pôr termo à sua vida. Resulta impossível afastar-se da impressão de que o império e a oligarquia se esmeram por conduzir a Chávez a um beco sem saída colocando-o facilmente ao alcance de um disparo.

No caso da Venezuela, a vitória não se deve converter em terrível derrota, mas em vitória muito maior, para evitar que o imperialismo conduza ao suicídio a nossa espécie. É preciso continuar a lutar e a correr riscos, mas não a brincar todos os dias à roleta-russa ou à cara ou coroa duma moeda. Ninguém escapa dos cálculos matemáticos.

Em tais circunstâncias devem ser usados preferivelmente os meios modernos de comunicação que transmitiram ao mundo, ao vivo e em directo, os debates da cimeira.

texto de Fidel Castro Ruz publicado no Granma.

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