"E havendo Deus acabado sua obra, descansou no sétimo dia".
Gênese
Acho que foi a primeira vez, na história recente, que ocorreu uma "ponte dupla" de feriados, e - quase todos - descansamos durante seis dias seguidos. A honestidade não me deixa afirmar, contudo, que tenha sido uma experiência desagradável.
O tempo extra permitiu-me, por exemplo, fazer umas pesquisas, para registrar que são 12 os feriados oficiais, no Brasil. Sete deles são cristãos, católicos. O nascimento, a morte e a ressurreição de Jesus respondem por três. Os demais são os dois do carnaval (há quem sustente que são datas "pagãs"), o dia da padroeira do Brasil e finados, escolhido pela Igreja no dia seguinte à festa de Todos os Santos, desde o século 13.
Há dois feriados "leigos": a Confraternização dos Povos, em 1º de janeiro, e o Dia do Trabalho, no 1º de maio. Este é uma homenagem da Internacional Socialista aos mártires de uma greve, em Chicago, que ocorreu naquela data, no ano de 1886.
É curioso que, apesar disso, os americanos festejem o seu labor day na primeira segunda-feira de setembro: uma invenção da CUT lá deles. Os três outros feriados são "históricos" celebram a morte de Tiradentes, em 1792; o Grito da Independência, no 7 de setembro de 1822, e a transformação do país em República, em 15 de novembro de 1889, diante do "bestificado" povo do Rio - como conta Aristides Lobo.
Há muitos feriados municipais, mas SP e Rio, nossas duas principais cidades, são comedidas. SP celebra três: a fundação da cidade, em 25 de janeiro de 1554; a revolução contra o governo central, pela Constituição, em 9 de julho de 1932, e o novo Dia da Consciência Negra, escolhido em 20 de novembro para marcar a morte de Zumbi dos Palmares, no ano de 1695. O Rio, quatro: o de Zumbi (foi lá que surgiu), o Dia do Comércio (!) na terceira segunda-feira de outubro e mais dois religiosos (coisa que eu não sabia): S. Sebastião, padroeiro da cidade, em 20 de janeiro e o dia de S. Jorge: 23 de abril.
Contrariamente ao que se pensa o Brasil não tem mais feriados do que os países "desenvolvidos". Nos EUA o número é mais ou menos igual e, na França e no Japão, são em número bem maior do que aqui. Fiz uma descoberta curiosa: as palavras féria e feira têm a mesma origem latina, e "féria" não é, necessariamente, um dia de descanso (teor que subsiste na expressão "féria" como resultado pecuniário do labor diário) - mas um dia de atividades e festejos, como eram as feiras populares e as quermesses.
E outra curiosidade: o português é o único idioma ocidental em que os dias de trabalho são designados como feiras. A coisa vem do tempo dos romanos. A "primeira feira" era, originalmente, no domingo, já que o dia oficial do descanso de Deus foi o shabbat hebreu.
O imperador Flavio Constantino, contudo, já na era cristã, trocou o nome de primeira feira para Dies Dominica, dedicando um segundo dia de descanso (ou homenagem) ao deus dos cristãos. Mas parece que a "semana inglesa" só foi adotada bem recentemente, na segunda metade do século 20. E perdoem-me, mas não achei, no Google, uma origem para esta expressão...
J. Roberto Whitaker Penteado, no jornal Propaganda & Marketing.
Um comentário:
Contribuindo:
Em Belo Horizonte, há apenas dois feriados municipais: 08/12, dia da padroeira -- N. S. da Boa Viagem -- e 15/08, Assunção de N. S.
Curiosamente, não é feriado no aniversário da cidade (12/12).
E quanto ao estado, a data magna é Tiradentes, que já é feriado nacional.
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