"Deus não morreu. Está vivo e saudável, trabalhando num novo projeto – bem menos ambicioso".
Anônimo (grafite)
Um mapa publicado na revista The Economist de 1.º de novembro último mostra os atuais conflitos de natureza religiosa em todo o mundo. Eles ocorrem em todos os continentes, com alguma predominância da Ásia e da África, com uma única exceção: a América do Sul, onde pouco se briga por diferenças de fé. Talvez por esta razão, fiquei tão perplexo com o tema do encarte especial da publicação inglesa, sob o mesmo título deste artigo.
Do ponto de vista do Brasil, é difícil acreditar, como sugere o encarte, que o mundo já se encontra imerso num século que, em nome de Deus – ou das religiões -, se pode tornar ainda mais conflituoso e violento do que o século 17, considerado – até hoje – como o dos grandes embates religiosos.
Não haveria como reproduzir, aqui, mesmo minimamente, o conteúdo de mais este excelente trabalho jornalístico do Economist. Por isso, recomendo a leitura dos textos originais (que estão on-line). Mas ele lembra que não haveria, agora, um conflito sangrento no Iraque se, no dia 11 de setembro do primeiro ano deste século, em nome de Alá, 19 jovens muçulmanos, não tivessem atacado os EUA e alinhava outros fatos como o de que a mais recente intervenção militar do ocidente foi para proteger os islâmicos da Bosnia e Kosovo, contra sérvios ortodoxos e católicos croatas; que a religião pontifica entre as causas do longo conflito Israel-Palestina, assim como outros em Myanmar (Birmânia), Sri Lanka, India – e até Paris, na semana passada...
A FSB, organização que sucedeu a KGB atéia e comunista, na Rússia, tem sua igreja ortodoxa própria, diante de sua séde; que todo orador, no parlamento polonês, persigna-se, antes de falar; o presidente americano inicia seus dias de joelhos e reza antes de cada reunião; que há mais cristãos nas igrejas da China, do que membros do partido comunista, e que a Europa racionalista se pode tornar na futura "Eurábia"...
A proporção de religiosos filiados às quatro maiores religiões – cristianismo, islã, budismo e induismo – que é, hoje, de 73%, deverá chegar a 80% em 2050. (É bem verdade que – estimados em 1/2 bilhão – ateus e agnósticos constituiriam a terceira maior "religião" mundial).
Assinalando que, entre as recentes explosões religiosas mais espetaculares, está a dos pentecostais – entre as populações mais pobres, no Brasil – a revista destaca que, não só aumenta a atividade religiosa em geral, mas também cresce a participação das diversas facções em todas as áreas da sociedade: política, cultura, negócios, etc.
E mais dois sinais: os grandes números de crescimento advêm do fato de que, cada vez mais, a opção religiosa é fruto da escolha das pessoas, já adultas e que, aparentemente, isso beneficia as crenças mais simplórias, ou fundamentais.De fato, para quem cresceu no Brasil, na segunda metade do século da racionalidade – em que foram proclamados, seguidamente, o declínio das religiões e a morte de Deus – essas notícias são surpreendentes; e um pouco preocupantes.
J. Roberto Whitaker Penteado, no jornal Propaganda & Marketing.
Um comentário:
preocupante pra quem?
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