Há mais ou menos 50 anos, uma meia dúzia de caras geniais inventou o modelo de negócios da propaganda no Brasil.
Tá, tudo bem, eu sei que hoje o setor se diz "em crise".
Mas, sinceramente, é uma "crise" relativa, que ainda garante margens bem razoáveis e até permite aos criativos mais renomados ir a Cannes todo ano, além de jantar no Fasano uma vez e outra.
Lógico que somente com cliente importante e sem abusar na safra do pinot noir.
Crise mesmo pelo menos para mim é o que passa hoje a indústria do calçado no Rio Grande do Sul, o Senado Federal ou o time do Corinthians.
Bom, o fato é que se a primeira geração da propaganda conseguiu esse feito de criar um modelo de negócios incrível que sustenta até hoje uma poderosa indústria, a segunda geração, através de suas entidades, está preocupada apenas em manter a qualquer preço o modelo antigo.
Enquanto se preocupam em segurar o que existe, se descuidam de influenciar nos novos modelos de negócios e principalmente atuar politicamente no que é novo.
Falo especificamente do modelo de regulamentação da internet no Brasil. Todos nós reconhecemos que a internet é visual, interativa, cada vez mais multimídia, colaborativa, etc. Logo, é um ambiente apoteótico e ideal para as mais diferentes formas de expressão, negócios e, obviamente, de publicidade.
No Brasil, para quem ainda não sabe, existe desde 1995 o CGI.br (Comitê Gestor de Internet no Brasil), órgão criado pelo Ministério das Comunicações e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
Cabe ao CGI discutir o modelo e as diretrizes estratégicas do uso da internet no Brasil. Diretrizes essas que poderão e deverão afetar o negócio da propaganda, que ainda engatinha no modelo digital.
Esse comitê é composto por nove membros indicados pelo governo e 12 membros eleitos por diversas entidades que "representam" o setor empresarial, a comunidade acadêmica e o terceiro setor.
Várias comissões de trabalho estão desenvolvendo projetos que entre outros temas devem propor regulamentações para assuntos tão importantes quanto conteúdos para a web, indicadores da internet no Brasil, anti-spam ou segurança de informação.
O incrível disso tudo é que nesses 21 membros do CGI.br não existe nenhum representante do mercado publicitário. Não existe sequer um representante com formação ou experiência na área da comunicação ou do marketing.
Bom, e por que não tem? Porque as lideranças da propaganda não entenderam a necessidade de estar lá, compondo de alguma forma o colégio eleitoral que elege 12 dos 21 representantes do comitê.
Ao contrário das entidades da propaganda, as entidades da tecnologia da informação estão muito bem representadas e hoje dão as cartas no CGI.br. Embora atrasados, ainda dá tempo de se organizar, acompanhar os temas que estão sendo discutidos nos grupos de trabalho e influenciar na próxima eleição, que será em 2010, bem no finalzinho do segundo e último mandato do governo Lula.
Só não vale é ficar parado e, depois, chorar o leite derramado.
Cesar Paz, no jornal Propaganda & Marketing.
10.12.07
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