17.12.07

A terceira onda

Dá para dizer sem errar: o e-mail foi o primeiro grande aplicativo da internet. O segundo, sem dúvida, o mecanismo de busca. E o terceiro, prestes a alcançar a condição de próxima "grande ferramenta" da web, na minha opinião, será o vídeo. Vale dizer que eu disse vídeo e não TV online. Muita gente perdeu dinheiro tentando fazer TV pela internet na esperança de que milhões de internautas fossem naturalmente se transformar em milhões de "interespectadores".

Não, a postura passiva de um espectador não se aplica na rede. Já elegemos há 50 anos o canal para nossa passividade, que normalmente possui mais que 20 polegadas, é assistida de uma certa distância, quase sempre no aconchego do lar, e acaba de iniciar suas transmissões em alta definição.

No pulsante universo digital, vídeos para atingirem o mainstream devem poder ser armazenados, procurados, encontrados, conectados, enviados, contextualizados e interativos. Quanta diferença!

Muito mais do que um controle remoto vivo e ultrapoderoso, o usuário é o editor-chefe do seu próprio repertório. E aprender a lidar com as expectativas desse consumidor na utilização do vídeo ditará o ritmo do sucesso de sua estratégia. Lembram quando surgiu o e-mail? Levamos algum tempo para chancelarmos regras de privacidade, política de uso nas empresas, diferenciarmos e-mail pessoal do corporativo e assim por diante.

Nesse momento, estamos aprendendo a usar as ferramentas de busca como mídia de massa, queremos estar presentes em resultados orgânicos ou patrocinados e, aos poucos, todos os aplicativos web voltados ao marketing já saem do forno tageados. Quando o assunto é vídeo, ainda estamos na pré-história.

Hoje, raramente escapamos das três possibilidades mais populares entre agências e clientes:

1. criar algo tosco, barato e publicar no YouTube na esperança de que os cliques surgirão;
2. gastar muito dinheiro criando uma megaprodução para impactar;
3. publicar no site da sua empresa, de maneira protocolar, os comerciais do seu produto.

Onde foi parar o meio-termo?

Para uma pessoa ser considerada alfabetizada, além de escrever seu nome ela precisa ser capaz de interpretar determinado texto, por mais simples que seja. Para ser considerado um internauta de verdade, além de estar conectado, o usuário precisa completar cinco critérios:

1. ter e-mail;
2. fazer home banking;
3. usar o Google;
4. acessar alguma informação dos portais;
5. comparar preços; e, ultimamente, acessar o YouTube.


Na minha opinião, esse é o universo mínimo necessário para uma pessoa ser considerada um internauta alfabetizado. Olhem como eu fui pouco exigente, deixei de lado a obrigação de comprar pela internet, ter uma conta no Messenger, fazer o imposto de renda online, navegar em sites de empregos, usar alguma comunidade social, wikipedia etc e, ainda assim, o quinto critério é uma plataforma de vídeo que incorporou nos usuários, para sempre, o interesse por esse tipo de conteúdo. Isso quer dizer que o hábito de assistir pela rede foi despertado. Imagine o que vai acontecer quando o acesso à banda larga for absoluto.

Os Estados Unidos possuem 40% de cobertura de banda larga em seu território. Ainda assim, segundo estudo recém-publicado pela MediaMetrix, quase 4 bilhões de minutos são gastos pelos americanos assistindo a vídeos do YouTube por mês. No e-mail do Yahoo são gastos 18 bilhões de minutos! Detalhe, não é necessário banda larga para acessar e-mails.

A velocidade do interesse pelo vídeo não tem como passar desapercebida e aos poucos dá sinais de que deve ser encarada como uma indispensável plataforma de comunicação. Após a popularização do e-mail marketing, não seria a hora de começarmos a explorar o v-marketing?

Rafael Payao, no jornal Propaganda & Marketing.

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