Em seu novo livro, Qual É a Tua Obra? – Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética (Ed. Vozes), o filósofo e professor Mario Sergio Cortella mostra a importância de saber o valor do nosso trabalho. “A idéia de trabalho como castigo precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra”, diz Cortella. Confira a entrevista abaixo.
Como as pessoas devem se preparar para o futuro?
É preciso ficar em estado de atenção em vez de render-se ao estado de tensão. O que mais garante uma presença efetiva e de melhor qualidade no futuro próximo é abrir a mente para novos ensinamentos. É claro que não é porque o mundo está mudando com velocidade que se deve mudar também o tempo todo.
Em seu livro, o senhor fala da importância da autonomia no trabalho. Como construí-la no dia-a-dia?
Autonomia é a capacidade de decidir por si mesmo, dentro de nossa liberdade individual. Não se deve confundir autonomia com soberania, pois esta implica fazer o que se quer, independentemente dos outros. A autonomia é a força que impulsiona a criação e a invenção. Para usá-la bem precisamos de iniciativa, empenho, persistência e compromisso com o novo.
É possível desenvolver novas competências com cursos de música, de artes, de filosofia?
Sem dúvida. Todas as vezes em que consigo aumentar meu repertório de conhecimentos e elaborar mais o meu estoque de sensibilidades, a capacidade de refinar minha obra se torna mais viável.
O medo contribui para impulsionar a carreira?
A natureza nos dotou de dois mecanismos básicos de defesa: medo e dor. Quando não atentamos para eles, ficamos vulneráveis ou sem consciência dos riscos. No entanto, medo (que é um sinal de alerta) é diferente de pânico (que leva à incapacidade de ação). Por isso, na carreira, o medo de ficar ultrapassado, de não conseguir responder aos desafios, de estagnar os conhecimentos é, sim, motivador de reação proativa.
Quando se fala em ética , muita gente recorre ao bom senso. A ética tornou-se algo individual?
Não existe ética individual. Ela é um conjunto de valores e princípios que orientam a conduta das pessoas em meio aos outros. A ética é sempre de um grupo, de uma organização, mas o bom senso ajuda a decidir em situações em que não há clareza dos princípios estabelecidos. Mas temos o hábito de considerar de “bom senso” aquela pessoa que pensa como nós.
fonte: Você S/A
28.1.08
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