Meu gerente me disse que meu defeito é querer trabalhar pelos outros. Eu concordo com ele. Quando vejo que alguma coisa vai atrasar, ou não vai sair bem-feita, vou lá e faço. Só não entendo por que meu gerente chama essa atitude de “defeito”. – Luly
Digamos que essa seja uma virtude perigosa, Luly. O trabalho pode sair bem-feito, mas sua atitude desperta alguns sentimentos em seus colegas. Na melhor hipótese, de agradecimento por sua preocupação. Na pior, de raiva incontida por sua intromissão. Seu gerente precisa administrar um departamento inteiro, e cabe a ele equilibrar a parte técnica (o trabalho bem-feito) com a parte humana (o bom ambiente de trabalho). Se sua atitude, Luly, colocar todos os seus colegas contra você, gerando um clima de insatisfação, seu gerente terá um problema. E ele lhe deu o primeiro aviso, ao chamar de “defeito” a sua proatividade invasiva. Para que isso se transforme em virtude, você só precisa trocar o “vou lá e faço” por “vou lá e ofereço ajuda”.
Faz um mês, vem circulando um boato de que a empresa está sendo vendida e que todos perderemos o emprego. Como proceder numa situação dessas? Esperar para ver? – Carlos
Como dizia um antigo samba-canção, “todo boato tem um fundo de verdade”. É praticamente impossível que surja um boato sobre a venda de uma empresa sem que alguém confiável – um diretor, por exemplo – tenha feito algum comentário nesse sentido. Pode ser que quem ouviu entendeu mal ou pode ser que quem passou adiante exagerou na dose. De qualquer forma, Carlos, é melhor você pensar na possibilidade de que, na semana que vem, sua empresa terá um novo dono. Você está preparado para (1) começar a provar novamente tudo o que você já provou? Ou (2) conseguir outro emprego? Seu currículo está atualizado? Seus contatos estão em dia? Mesmo que o boato se mostre infundado, nunca é bom esperar o circo começar a pegar fogo para perguntar onde fica a saída.
Minha empresa adota um sistema de avaliação em que, obrigatoriamente, 20% dos funcionários devem ser classificados como “excelentes” e 10% como “abaixo do padrão”. O restante fica entre o “bom” e o “razoável”. Neste ano, nós superamos todos os objetivos, e a empresa teve um lucro enorme. Mesmo assim, 10% dos que deram o sangue pela causa precisam levar o rótulo de “abaixo do padrão” e não vão ganhar bônus por causa disso. Esse sistema é justo? – Emanuel T.
Tecnicamente, sim. Não existe uma organização, seja ela uma empresa, seja um time de futebol ou um exército, em que todos os participantes executam suas funções com o mesmo apuro, o mesmo entusiasmo e o mesmo companheirismo. No caso de sua empresa, o “abaixo do padrão” não significa que os 10% sejam péssimos funcionários. Ao contrário, eles são bons, mas há 90% que são melhores. Cabe ao chefe, a quem compete comunicar o resultado da avaliação, explicar isso aos 10%, para que eles não fiquem revoltados. E cabe também ao chefe defender as regras do jogo, porque elas serão as mesmas no ano que vem.
Max Gehringer, na revista Época.
21.1.08
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