15.1.08

Pamonhas de Piracicaba

Irritada à espera de seu carro, a produtora de moda Melissa Thomé desabafa: "Isto aqui está igual ao comercial daquela loja de sapatos, lembra?", diz, referindo-se ao jurássico reclame que tinha o slogan "Guerra? Tumulto? Não! É a liquidação do Dic".

Faria sentido, estivesse ela na Rua 25 de Março, não no templo do luxo, a Daslu. Na última segunda, a butique começou mais uma temporada de descontos. Ops, perdão! De "sale", como se diz por lá. Atraídas por preços 50% mais baixos, consumidoras de todas as estirpes dobraram a média diária de clientes, habitualmente de cerca de 1800 pessoas. A repórter Juliana Linhares foi conferir o saldão classe AAA:

• Alta, bonita e de porte aristocrático, Melissa é a cara da butique. "Gente, a mulher Daslu é seca, magrinha, durinha", prega a vendedora Bia Fagundes, para justificar a escassez de peças nos tamanhos 40, 42 e (toc! toc! toc!) 44, produzidas em menor escala. Fala sorridente, em alto e bom som. Nos cochichos, porém, a simpatia das dasluzetes diminui. "Olha aquilo! Muuuito Piracicaba", comentam duas delas, ao vislumbrar uma cinqüentona fortinha espremida num vestido de paetês prateado. Peraí, Piracicaba? Sim, é esse o termo que designa as freguesas endinheiradas vindas do interior que carecem de um certo je ne sais quoi, entende? Em bom português: mulheres que, na ótica daqueles corredores neoclássicos, não seriam chiques. Puro preconceito. Com 358000 habitantes e PIB de 5,7 bilhões de reais, Piracicaba é uma das mais ricas cidades do interior do estado.

• Quem prova mais roupas ganha a escolta de uma Barbie Dasluzete – elas têm pele, cabelos e corpo perfeitos como os da boneca. Com um carrinho, seguem a clientela (inclusive as "Piracicabas"), dando palpites. "Ai, leva essa bata roxa!", choraminga uma delas. "A cor vai continuar na moda na próxima estação." Recebe um passa-fora: "Quero coisa de verão. No inverno, você me mostra tudo de novo".

fonte: Veja SP
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Que tal um boicote básico, piracibanas? Lembrem-se de que a loja ainda luta p/ se manter de pé. Num salto bem alto, c(l)aro!

2 comentários:

Cíntia Rojo disse...

Gastar é bom, comprar roupa é gostoso, mas essa futilidade toda é demais para minha cabecinha cheia de cabelos... Pior é que eu trabalho em um prédio atrás da Daslu e, me desculpem... aquilo é o Templo da Cafonice!

Andréa Cerqueira disse...

Eu não sei o que mais me irrita numa matéria dessas: saber mais sobre a futilidade do mundo Daslu (de quem vende e trabalha lá, ou de quem compra lá!), ou a promoção preconceituosa de expressões como a que se refere a matéria.
A saber, sou paulistana, mas há quase 15 anos moro em Piracicaba, uma cidade tipo porte "médio", graciosa e ideal para quem quer opções de diversão, lazer e cultura (esta última anda carecendo de investimento), um povo alegre e por sinal, a cidade conta com mulheres muito bonitas e elegantes. Do PIB, a matéria já falou, o shopping é tido como um dos mais lucrativos (e caros) do país, haja vista a cidade é uma das mais ricas tamb´ém.
E pensar que algumas piracicabanas ainda contribuem para manter um lugar como a Daslu... aff, que lástima! Pois as piracicabanas (endinheiradas ou não) não merecem tal estereótipo.

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