Fernando Paz, codinome Doutor Montanha (altura inferior a 1,60 metro), dedilhava o violão. Juliana Balsalobre (Doutora Bifi) e Luciana Viacava (Doutora Lola Brígida) cantavam: "Qui qui qui qui qui qui. Cadê? Ó nóis aqui! Os Acadêmicos do Mandaqui". O trio de palhaços fica cerca de dez minutos em cada leito e muda a brincadeira de acordo com o paciente – o mote pode ser um desenho, as estripulias de um super-herói ou os bonecos sobre a cama. Escrito em uma folha de papel grudada na parede, o nome de Gustavo foi a deixa para Doutor Montanha:
– Gustavo Borges! O que aconteceu com você?
– Ele escorregou na piscina – respondeu Doutora Bifi.
– Foi nadar na poça d’água, é?
A brincadeira levou às gargalhadas o menino e sua mãe, a operadora de telemarketing Cláudia Castanho Parra.
Essa cena resume o método dos Doutores da Alegria, que se baseia em três características: delicadeza (para entrar na intimidade de um quarto sem assustar ninguém), constância (cada hospital recebe uma dupla ou trio de palhaços ao longo de um ano, duas vezes por semana, sempre no mesmo horário) e permissão (a criança pode aceitar ou recusar a visita).
O Mandaqui é um dos oito hospitais paulistanos freqüentados pelos Doutores da Alegria. Apenas dois são particulares, o Nossa Senhora de Lourdes e o Santa Marcelina. Eles atuam também no Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte.
Fundado em 1991, o grupo transformou-se em uma empresa saudável, que cresce ano após ano. Em 2007, os Doutores visitaram 78 285 crianças doentes (21% a mais que no ano anterior). Contaram com um orçamento estimado em 5 milhões de reais. É menos do que a receita de outras entidades que trabalham em prol de crianças, como a Fundação Abrinq (14 milhões de reais em 2006) e o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (35 milhões de reais em 2005).
No universo das 276.000 fundações privadas e associações sem fins lucrativos do Brasil, os Doutores da Alegria têm um perfil diferenciado. Ninguém ali é voluntário. Os 58 palhaços da trupe são atores que recebem salário (2 400 reais, em média, por três dias de trabalho, um deles dedicado ao aprendizado de novas técnicas), assim como os vinte profissionais que trabalham na administração do negócio.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE em parceria com o Ipea, em 2002, os Doutores da Alegria figuram entre as cerca de 2 500 fundações e associações (ou menos de 1%) que empregam de cinqüenta a 99 pessoas (77% das fundações e associações sem fins lucrativos não têm nenhum funcionário assalariado).
trecho da matéria de capa da Veja SP.
Um comentário:
O criador dessa novidade, "Hunter "Patch" Adams (nascido em 28 de maio de 1945 em Washington, distrito de Columbia) é um médico norte-americano famoso por sua metodologia inusitada no tratamento a enfermos. Também fundou o Instituto Gesundheit em 1972. Patch Adams é formado pela Virginia Medical University. Em um programa de entrevistas na televisão brasileira (Roda Viva), em 2007, Patch Adams afirmou que nunca disse que "rir é o melhor remédio", e sim que o riso "faz parte de um contexto", na verdade, seu lema era "a amizade é o melhor remédio". Disse também ter uma Biblioteca de 18.000 volumes e que lê muita poesia, adora os poemas de Pablo Neruda, porque segundo ele, a poesia nos dá amor. Criticou as pessoas que têm muito dinheiro e nada fazem pelos menos favorecidos, usou o termo "lixo" para definí-las. E renegou o filme "Patch Adams" de Tom Shadyac, dizendo que ele não condiz com a verdade; criticou o Governo Americano, a quem chamou de "Terrorista", assim como as indústrias de medicamentos, que só visam os lucros bilionários. Sua filosofia de vida é o amor, não apenas no âmbito hospitalar, mas em nossas relações sociais como um todo, independente de lugar. Tem por opinião que o objetivo do médico não é curar e sim cuidar. Cuidar com muito amor, tocando nos doentes, olhando em seus olhos, sorrindo...
Aos 16 anos de idade, após perder o pai e ter sido deixado pela namorada, vivenciou uma grave crise depressiva e foi internado numa clínica psiquiátrica. Lá chegou à conclusão que cuidar do próximo é a melhor forma de esquecer os próprios problemas e, melhor ainda, se isto for feito com muito bom humor e principalmente amor. Nos anos 60, um de seus melhores amigos (e não sua namorada como visto no filme) foi assassinado. Dois anos depois, ingressa na faculdade de medicina de Virginia, onde se tornou conhecido pela sua conduta excessivamente feliz e apaixonada pelos pacientes. Ao término da faculdade, em 1972, fundou o Instituto Gesundheit. Em 1980 adquiriu 317 acres de terra montanhosa em West Virgínia para a implementação física do instituto, o qual presta assistência sem nenhum tipo de cobrança financeira.
Convencido da conexão poderosa entre o ambiente e o bem estar, acredita que a saúde de um indivíduo não pode ser separada da saúde da família, da comunidade e do mundo".
Essa entrevista foi reprisada ontem (09/02/2008), no mesmo canal. Ele é todo descontraído, de cabelos grilhalhos e longos, preso a um rabo de cavalo, sempre se apresenta com camisas estampadas.
Bom, que sua teoria tem dado certo e sido divulgada. Mas, sua proposta não pára aí, ele quer mais. Quer hospitais que atendam de graça, com eficiência e rigor, que promovam, além da saúde, o bem estar dos pacientes. Na entrevista, fez esse apêlo ao Brasil. Resta saber, se temos médicos e brasileiros despreendidos que aceitam abrir o coração e o bolso. Com os governantes, sá sabemos, NÃO podemos contar com nenhum deles, essa é a verdade. Trabalham para enriquecimento pessoal, basta ler os jornais. Se não roubassem tanto, quem sabe promoveriam esse atendimento gratuíto para o povo, não é?
Beijão Sp,
Cada um faz a sua parte, vc contribui divulagado aqui.
Kesia
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