23.2.08

Enviar + F5 = ?

“Se vc quer a relação completa de quem fuça seu Orkut, e quantas vezes essa pessoa fuçou, é simples. Mande esta mensagem para todos seus amigos do Orkut e em seguida aperte a tecla F5, o Orkut lhe enviará automaticamente não os últimos e sim todos que te visitaram desde o primeiro dia da sua conta criada”.

Se você está no Orkut, provavelmente já se deparou com o e-mail acima. Eu o recebi de umas trinta pessoas. Tudo bem, todo dia, desde que tenho internet, deleto spams e correntes da caixa de entrada com a resignação de quem varre folhas caídas no quintal. É a vida.

Teve a época do vírus falso do ursinho cinza, a fase em que a Sony estava dando notebooks (bastava, diziam, repassar adiante o e-mail), a onda das correntes ameaçadoras que “um engenheiro de Massachusetts quebrou e no dia seguinte toda a sua família morreu subitamente de forma até hoje ignorada”.

Geralmente, os spams e correntes vêm das mesmas pessoas. (Deve ser o tipo de gente que acredita que o hambúrguer do McDonald’s é feito com minhoca, o homem nunca foi para a lua e que se comer manga com leite cai duro igual a pobre família de Massachusetts). O e-mail sobre o Orkut, no entanto, me chegou de todo lado. Fiquei pensando: por que será que pessoas inteligentes, que não moveram um dedo quando o prêmio era (ou melhor, não era!) um notebook, resolveram agora enviar um spam em troca da suposta lista? Carência.

Somos todos carentes. É como se, recebendo a lista de pessoas que fuçaram nossa vida, tivéssemos a confirmação de que somos interessantes, amados, cobiçados ou desejados. No mundo em que vivemos, a gente vale o quanto pesa – aos olhos dos outros. O que é uma celebridade, afinal, senão uma pessoa celebrada por muitos? A lista de todos os que entraram no nosso Orkut, desde o começo, é mais ou menos como a lista de todos que se interessaram por nós, nem que só um pouquinho, nos últimos tempos. Amigos, inimigos, namorados, namoradas, ex...

O Orkut, por si só, já é uma espécie de termômetro onde medimos nossa popularidade. Essa balela do F5 seria como um extrato concentrado do Orkut, trabalhando no centro de nossa carência. Quase como: clique aqui e saiba se você é legal. Triste? Pode ser, mas tem alguma coisa de positivo no fato de as pessoas preferirem se arriscar a fazer papel de bobas (mandando spams que não funcionam) porque querem saber se são amadas do que para ganhar computadores, não é?

Antonio Prata, no Blônicas.

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