5.2.08

Luta contra o racismo em ritmo de carnaval

O jornal alemão Sueddeutsche Zeitung afirma, em sua edição desta terça-feira, que "o Brasil negro ensaia um levante no Carnaval de Salvador".

Em um artigo intitulado "A luta contra o racismo cordial", dedicado ao Carnaval da cidade -descrito como "uma demonstração de beleza e auto-confiança negras"- o jornal diz que "atrás dos sons eufóricos do samba está um claro posicionamento político; o da exigência do fim do racismo".

O jornal diz que o Carnaval, na forma como é celebrado por blocos como Olodum, Araketu e Ilê Ayê, e a tradição da capoeira, uma "filosofia em movimento" que é tema do carnaval de 2008 na cidade, hoje estão "a serviço da luta cultural contra o 'racismo cordial'".

"Não são as leis que discriminam as pessoas, como foi o caso na África do Sul, ou as instituições, como foi o caso nos Estados Unidos. O que põe por terra o mito da elogiada democracia racial no Brasil são as inúmeras proibições sutis, que excluem uma grande parte das pessoas da vida social", relata a reportagem.

"O racismo é uma realidade brasileira, que cai no esquecimento em meio às notícias sobre guerra de traficantes nas favelas e o crime organizado nas grandes metrópoles". O jornal alemão acrescenta que existem "tendências racistas evidentes" no Brasil: "quem for jovem, do sexo masculino e negro morre cedo nas ruas brasileiras ou muitas vezes não sobrevive a uma estadia na prisão".

No Carnaval de Salvador, a maior cidade africana fora da África e onde "ainda nos anos 70 os brancos tiravam as crianças das ruas quando os 'blocos afros' passavam", os "marginalizados são reis e os tambores negros assumem por seis dias o poder na cidade", diz o diário.

O jornal elogia o trabalho de conscientização e resgate da história feito pelos blocos, em uma cidade onde "cerca de 80% dos moradores são afro-brasileiros", mas "faltam os heróis negros nas salas de aula".

fonte: BBC [via UOL]

4 comentários:

Anônimo disse...

Não entendi a afirmação "racismo cordial" ! Como um racismo pode ser cordial ? É mentira de que as leis brasileiras não trazem em seus textos o racismo. A fixação de quotas para negros nas universidades é a confirmação legal do racismo. Só porque um branco ou de qualquer outra raça não afro-brasileira não tem vontade de participar de um bloco de olodum ou de capoeira não significa ser ele racista. Por outro lado, fica mais difícil ainda acreditar que um negro goste das marchinas alemãs de Blumenau. E tem mais, na atualidade fechamos as janelas e trancamos as portas de nossos lares para impedir a entrada de marginais de todas as cores raciais, porque os nossos legisladores esqueceream de fixar as quotas de inclusão social. Esqueceram também de ler a história sobre os imigrantes europeus que, na verdade, fugiram da miséria e de perseguições e foram trazidos para o Brasil com promessas de receber terras e sementes para iniciar uma vida nova, o que na maiora das vezes não aconteceu.
Não entendo porque hoje, como descendente de europeus, tenho uma dívida para com os negros se, na realidade, os meus antepassados foram trazidos para susbstituir os negros escravos. Mais tarde, com o advento da segunda guerra mundial, foi-lhes impingido mais um retrocesso pelas autoridades brasileiras, através da censura sobre o uso da língua. Meu pai deixou de frequentar a escola, porque os materiais didáticos em lingua alemã foram distruídos e os professores foram impedidos de lecionar. Os europeus não têm toda essa moral para meter o nariz nesse assunto do racismo, porque foram eles que iniciaram com o ele e continuam a praticá-lo nos dias atuais. Ou vocês acreditam que a imigração para aqueles países é facilitada ? Basta ter uma pele um pouquinho mais bronzeada para que se acenda a luz vermelha.Perguntem para os negros da frança, da alemanha e de outros países da europa! É muito barulho de tambor por nada !

Anônimo disse...

essa matéria é um delírio. fizeram lavagem cerebral nesse jornalista. Ele deve ter sido abduzido... hahaha.
Até porque o carnaval baiano é para quem tem dinheiro para ficar dentro dos cordões, seja branco, amarelo ou negro, o resto que não tem é esmagado na pipoca.
e a bahia só tá na moda, pq os chicleteiros dão dinheiro para ir para lá. só isso.
e a festa do carnaval está muito longe de ser uma festa contra o racismo, aquilo é a festa da bunda, da cerveja, da cachaça, da pornografia e também da música e da arte.
ele não conhece muito o brasil. afinal, aqui o negócio é definido na grana. e o contexto não tem nada a ver com o dos estados unidos.
meu, o cara tem q estudar a formação do brasil e dos eua, pra depois falar. somos por origem diferentes, portanto comparações sao um desastre.
pq achar q carnaval em salvador (um dos lugares mais pobres do brasil) é exemplo de fim do racismo, só se for depois de muita cachaça.
as pessoas podem até se misturar na hora do oba-oba, depois cada um pro seu lado. a elite em seus colégios e os pobres se virando.
a nossa elite branca gosta do negro que tem dinheiro que faz o que ela faz, ou seja, sem muita revolução e amor ao próximo, camarada.
a uniao existe culturalmente, mas nao significa nada.
resumindo: a materia nao tem pé nem cabeça. o cara deve ter curtido na bahia e viu naquilo um sentido libertário, q nao existe.
liberdade é a propseridade da bahia, é a opção de fazer escolhas, essa é a verdadeira liberdade.
aquilo é sobra.

Anônimo disse...

os europeus,como meus parentes, vieram para o brasil com terra e salário (meeiros)e os escravos negros sairam de mãos abanando das fazendas onde trabalhavam ao fim de séculos de escravidão. a cena final da novela escrava isaura mostra isto com perfeição quando os grupos de negros que iam embora cruzam com os europeus que chegavam. não houve qualquer negociação com eles. foram dispensados e pronto.
é preciso entender o sentido da palavra "reparação", este é o sentido das cotas.
axé e felicidades
filipe "terra nostra" cavalieri

Anônimo disse...

Falta dar sentido ao que significa Graça, Perdão, misericórdia...
o passado traz consequências hoje, sim, não há como negar isso.
As Quotas, o samba em prol antiracista, e outros tantos movimentos que tentam reparar erros drásticos do passado ainda estão aí... mas se for caminhar nessa direção, a coisa vai levar muito tempo, investimento, renovação de mente, etc. Pode ser que não tenha nunca um fim, uma vez que tudo é mto delicado e irritante!Tudo o que for feito vai trazer essa visão paradoxal, porque nao há como generalizar dores singulares passadas ao longo de inúmeras gerações. A cultura tem caminhado para uma globalização, mas ainda existe em pluralidade! É impossível sonhar com uma uniformidade! se pensarmos dessa forma, nunca vamos sair do lugar! O Respeito ainda é um conceito em construção em muitos movimentos, não existe respeito se nao existe perdão.

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