20.2.08

Ó quão cego eu andei (5)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que, na sua avaliação, as mais de 50 ações judiciais movidas em nome de fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus contra a Folha não são uma ameaça à liberdade de expressão e disse que elas fazem parte da consolidação da democracia no país.

O presidente foi questionado durante visita ao gasoduto Cabiúnas-Vitória se concordava com a avaliação da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), que havia divulgado na segunda-feira uma nota de repúdio à estratégia adotada pela Universal para processar a Folha e a repórter Elvira Lobato.

Lula afirmou que, se a Igreja Universal recorreu ao Poder Judiciário, ela está usando "um dos pilares da democracia para questionar o jornal". Questionado se essa avaliação seria válida mesmo que houvesse uma ação orquestrada da igreja com ações em diversos pontos do país sob orientação de sua cúpula, o presidente respondeu que "a liberdade de imprensa pressupõe isso".

"A liberdade de imprensa pressupõe a imprensa escrever o que quiser, mas pressupõe também que a pessoa que se sinta atingida vá a Justiça para provar a sua inocência. Não pode ter liberdade de imprensa se apenas um lado achar que está certo", afirmou o presidente. "Então liberdade de imprensa pressupõe uma mistura de liberdade e responsabilidade. As pessoas escrevem o que querem e depois ouvem o que não querem. Essa é a liberdade de imprensa que nós queremos", complementou Lula.

Em 15 de dezembro, a Folha publicou a reportagem "Universal chega aos 30 anos com império empresarial", da repórter Elvira Lobato. Fiéis entraram com ações em diversos pontos do país afirmando que se sentiram ofendidos pelo teor da reportagem.

As ações apresentam a mesma terminologia e são embasadas com os mesmos argumentos e até idênticas supostas frases ouvidas pelos fiéis nas ruas em mais de 50 cidades diferentes. Em dois casos, os juízes condenaram os fiéis por usar o Judiciário de forma indevida, o que é denominado litigância de má-fé. A Folha ganhou as cinco causas já julgadas até agora.

Além da Folha, fiéis da Universal movem ações contra os jornais "Extra" e "A Tarde", devido a uma reportagem sobre a danificação de uma imagem sacra numa igreja católica de Salvador por um fiel da Universal, e contra "O Globo", por ter denominado a igreja de seita.

"O dia em que a Folha de S.Paulo se sentir atingida pela Igreja Universal ela vai processar a Igreja Universal. O dia em que a Igreja Universal se sente atingida pela Folha, vai processar a Folha. E assim a democracia vai se consolidando no Brasil", afirmou Lula ontem.

No domingo, a rede Record, do bispo Edir Macedo, exibiu uma reportagem de 14 minutos no "Domingo Espetacular" sobre as ações movidas por fiéis contra a Folha e a repórter. A reportagem afirmou que a Folha teve um pedido negado pela Justiça de reunir em um único processo todas as ações, mas não informou as vitórias que o jornal já obteve na Justiça.

Em nota, a ABI afirmou que acompanha com preocupação as ações ajuizadas contra a Folha, e também contra os jornais "Extra", do Rio, e "A Tarde", de Salvador, e contra a repórter. De acordo com a ABI, trata-se de "uma campanha de intimidação e coerção sem precedentes na história da comunicação no Brasil".

fonte: Folha de S.Paulo

Outro "momento Stevie Wonder" presidencial. Como tantas outras vezes, o presidente não vê nada de anormal.

3 comentários:

Anônimo disse...

sabe, se toda instituição que se institui "igreja" de DEUS, se preocupasse em ensinar o verdadeiro reino de de DEUS esse tipo de "briga" na justiça nao aconteceria. Até quando ou melhor qundo será que certas "igrejas" deixaram de usar o nome de DEUS para ARRECADAR fortunas.

j. geraldo disse...

Quando envolve-se dinheiro o bicho pega. hipocritas que usam o nome de DEUS para ganharem dinheiro.

Por Janaína Oliveira disse...

Sim, a verdade é o que importa, mas se é dita com graça, e não desgraça. Há pessoas que simplesmente acusam e nada edificam, pois o intuito é destruir (principalmente o que não conhecem e/ou não entendem e/ ou não aceitam); outras apontam os erros alheios de forma a ajudar, almejando a construção de uma situação melhor para todos. Portanto, em se tratando de acusação, melhor é fazê-la tendo provas concretas, caso contrário, a graça de um falatório será facilmente vencida pela desgraça de um tribunal.

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