8.3.08

Aflição

Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.

Hilda Hilst

Um comentário:

Volney Faustini disse...

Parabéns Pava,

Hoje o sabadão dia das mulheres está show - música, poesia, declarações. Vou deixar o blog aberto o tempo todo em casa e fazer minhas cada postagem com suas palavras mágicas.

A língua portuguesa é riquíssima e bela - e sorte nossa (que benção irmão!) - pois podemos apreciá-la e com ela fazer minhas juras de amor.

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