10.3.08

Farra do consumo

Na semana passada a Associação Brasileira de Shopping Centers (ABRASCE), apresentou em SP um censo dessa indústria, com base em dados coletados pela TNS InterScience. O assunto é particularmente interessante hoje porque há muito tempo o setor não vivia um momento tão favorável. Quase todo dia aparecem notícias de grupos estrangeiros chegando ou aumentando suas apostas no país, empresas do mercado unindo forças, empreendimentos mudando de mãos ou sendo construídos. Isso sem falar que 2/3 dos shoppings existentes estão em fase de ampliação.

A atual onda de crescimento dos shoppings no Brasil tem um aspecto amplamente favorável - ela acontece mais intensamente em regioes ainda carentes deste tipo de equipamento. Enquanto a quantidade de novos shoppings aumentou apenas 2% no Sudeste, entre 2006 e 2007, esse percentual atingiu 12,5% no Norte e quase 18% no Centro-Oeste do país. Porém, a concentração nos Estados mais ricos ainda é grande. Para você ter uma idéia, 55% dos empreendimentos estão localizados no Sudeste, dos quais 122 em Sao Paulo - em 2o lugar está o Rio de Janeiro, com 49.

A pesquisa mostra ainda que 9% dos shoppings pesquisados estão focados na base da pirâmide social brasileira - ou seja, têm como público-alvo as classes C, D e E. Prova de que a recuperação no poder aquisitivo da nossa população já começa a se fazer sentir em um tipo de negócio que até bem pouco tempo atrás era voltado exclusivamente para a elite nacional. Os shoppings também ajudam a baixar as taxas de desocupação - entre empregos diretos e indiretos, hoje o setor dá trabalho a 630 mil pessoas. Quase 90% delas trabalham nas 62 mil lojas que operam em centros comerciais do Brasil.

A vocação dos shoppings passa cada vez mais pela uniao de compras, serviços e, em especial, entretenimento. Segundo a InterScience, 86% dos shoppings brasileiros têm salas de cinema, 68% têm jogos eletrônicos e 53% contam com parques para crianças. Não é a toa que com tudo isso o domingo seja um dos 3 melhores dias de vendas na semana para 2/3 dos empreendimentos pesquisados.

Apesar de muita gente torcer o nariz para os shoppings, preferindo locais mais abertos, a verdade é que em nosso país eles vieram para ficar. Perto dos 55 mil que existem nos EUA, os nossos 367 são poucos. Mas esse número deve dobrar em breve. Afinal, enquanto a recessão ronda a economia americana, por aqui a farra do consumo parece estar só começando.

Luiz Alberto Marinho, no Blue Bus.

Um comentário:

Maya disse...

Ando mesmo meio cansada de gente de 25 anos resmungando feito velho de 70 "porque antigamente era melhor". A gente esquece que as coisas não necessariamente mudam pra pior ou melhor. Algumas simplesmente mudam. "O consumismo isso", "o consumismo aquilo"... é ele que nos mantém confortáveis e bem-nutridos, ora essa! Cada época tem seu modo de produção, com suas vantagens e desvantagens. Amo shopping center - desde que seja grande, variado e cheio de novidades sempre. E com um ar condicionado no talo, por favor.

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