6.3.08

A juba do comedor

Dois leões fugiram do Jardim Zoológico. Na hora da fuga, cada um tomou um rumo diferente, para despistar os perseguidores. Um dos leões foi para as matas e o outro foi para o centro da cidade.

Procuraram os leões por todo o lado, mas ninguém os encontrou. Depois de um mês, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas. Voltou magro, faminto, alquebrado.

Foi preciso pedir a um deputado que arrajasse uma vaga no Jardim Zoológico. Assim, o leão foi reconduzido a sua jaula.

Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrou do leão que fugira para o centro da cidade, quando um dia o bicho foi recapturado e voltou ao Jardim Zoológico. Gordo, sadio, vendendo saúde.

Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para a floresta perguntou ao colega:

— Como é que conseguiste ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com saúde? Eu, que fugi para a mata, tive que voltar, porque quase não encontrava o que comer...

O outro leão então explicou:

— Enchi-me de coragem e fui esconder-me numa repartição pública. Cada dia comia um funcionário e ninguém dava falta dele.

— E por que voltaste então para cá? Tinham acabado os funcionários?

— Nada disso. Funcionário público é coisa que nunca se acaba. É que eu cometi um erro gravíssimo. Tinha comido o diretor geral, dois superintendentes, cinco adjuntos, três coordenadores, dez assessores, doze chefes de seção, quinze chefes de divisão, várias secretárias, dezenas de funcionários e ninguém deu por falta deles... mas... no dia em que eu comi o que servia o cafezinho... estraguei tudo e aí me pegaram.

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