18.3.08

Legião de chatos

No meu tempo, dizia Machado de Assis, já havia velhos, mas poucos. Parodiando o mestre, direi que, no meu tempo, já existiam chatos, mas relativamente poucos. E não eram tão espalhafatosos e onipresentes.

Quando Cristo expulsou Satanás de um endemoniado, perguntou-lhe o nome. Satanás respondeu: "Meu nome é Legião". Os chatos de agora são também uma legião, a internet ampliou-os em número, freqüência e virulência.

Todos os meus amigos -e até mesmo alguns que não chegam a isso- reclamam das mensagens, das sugestões e, sobretudo, das denúncias do interesse de cada um. Do prefeito que não asfaltou a rua, do emprego que alguém não obteve, do concurso que o reprovou.

O e-mail, que deu oportunidade à comunicação de forma surpreendente, se, de um lado, está servindo na busca e na troca de informações para aproximar pessoas, de outro, está produzindo chatos em massa, em escala industrial.

Desocupados, embriões de gênios que desejariam ser comentaristas de política, de esportes, de economia e de cultura, ditando regras disso ou daquilo, encontraram afinal a tribuna, o miniespaço que buscavam e não conseguiam.

Entram na internet com tempo e garra suficientes para tentar criar um mundo à sua imagem e semelhança, mundo que felizmente não existe, a não ser na cabeça desses novos Petrônios informatizados.

E, ao contrário de Deus, que quando criou todas as coisas, o céu e a Terra, o Sol e as estrelas, descansou no sétimo dia, o chato eletrônico não descansa, trabalha em tempo integral, todos os dias, sábados, domingos e feriados, não tira férias, não adoece. E como ninguém toma as providências que ele reclama, o chato adota um moralismo pedestre, primário, tentando mudar o mundo que insiste em rejeitá-lo.

Carlos Heitor Cony, na Folha de S.Paulo.

Pootz, preciso me esforçar p/ descobrir se há nomes cristãos nessa legião... =]

4 comentários:

Anônimo disse...

Por exemplo, esse cidadão que escreveu esse texto ridículo com o intuito de menosprezar as convicções dos cristãos, tá perdendo tempo na Internet fazendo talvez algo pior, que é a acusação contra um dogma de alguém. Existe coisa pior que alguém (como toda a mídia existente no nosso país), que sempre pega no pé dos evangélicos porque as suas crenças religiosas não satisfazem o desejo desses "manipuladores" de opinião? Talvez o calo tenha apertado pra esses cidadão porque os 70 (setenta), evangélicos da Universal foram muito mais Homens e tiveram mais caráter do que boa parte da nossa população que abaixa a cabeça e coloca uma viseira, feito uma mula, e vai levando chicotada nas costas e vivendo cegamente, abrindo mão de todos os seus direitos.

Porfavor críticos dos evangélicos, saibam que nós não somos tão burros quanto parece.

Anônimo disse...

chicotada foi o Messias que levou e sem pecado.
outra coisa...

Ljose disse...

É muito delicado fazer qualquer reparação ou crítica a um artigo que, a priori, desqualifica, ou no mínimo levanta suspeitas sobre quem quer que opine pela internet e não tenha um currículo respeitado de jornalista, escritor, acadêmico, enfim, não tenha legitimidade intelectual socialmente reconhecida.
A crítica seria justa e cabível se não lançasse suspeitas generalizadas. Suponha que esse artigo do Cony fosse lido, digerido, acatado e formasse “opinião pública”. No mesmo instante cessaria a universalização que a internet proporcionou nos últimos anos como fonte de informação e opinião. Críticas e reclamações dirigidas às autoridades morais, intelectuais, políticas ou ideológicas socialmente constituídas perderiam credibilidade e seriam motivos de pena ou de riso.
É óbvio que o Cony não está preocupado em se blindar contra a livre opinião pois não tem qualquer motivo para temê-la, mas já vi jornalistas muito menores que se sentiram despeitados e com o brio ofuscado devidos às críticas ácidas e certeiras de internautas. Para esses jornalistas e intelectuais de segunda linha os internaltas são realmente pedras no sapato, pois a liberdade e facilidade de manifestar opinião via internet os coloca em situação pouco confortável.
Minha única ressalva a esse artigo é que ele pode ser usado como escudo por essas autoridades duvidosas.
Por outro lado, não tenho como negar que essa liberdade excessiva de opinião serve para disseminar e fortalecer o abjeto “senso-comum”. A cultura vem se formando de baixo para cima, e isso é péssimo.

Pavarini disse...

Ops... Devagar c/ o andor que o Cony é de barro como nós. =]

1- O texto dele não faz nenhuma referência ao rebanho evangélico;

2- A maioria dos blogueiros conhece bem o que o colunista da Folha tá falando. É aquele cara que de-tes-ta tudo o que vc escreve e quase que diariamente lê cada post p/ depois enviar um comentário furibundo.

Graças aos céus, eles são em número reduzidíssimo neste sitiozinho! rsrs

Big abraço a todos.

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