26.3.08

Não aguento mais esse não aguento mais

O refrão do “não agüento mais” cresce a cada dia. Pessoalmente abandonei o coral. Explico. Durante muito tempo acompanhei a caravana do reformismo. Hoje essa conversa me entedia e me aborrece. Primeiro porque não acredito mais em reformas, apenas em revoluções. Mas principalmente porque não mais acredito nisso que apontam como objeto de reforma.

A expressão “igreja evangélica brasileira” está fora do meu vocabulário. Não apenas porque inexata – não existe a igreja evangélica brasileira, existem milhares de igrejas evangélicas no Brasil, mas também porque tomar a parte pelo todo é um equívoco.

O que não se agüenta mais é uma das faces da chamada igreja evangélica brasileira. Essa face da igreja evangélica brasileira (que, insisto, existe apenas como categoria sociológica) é absolutamente exógena, um corpo estranho, ao núcleo doutrinário e comunitário do que se chamou igreja evangélica brasileira.

Em outras palavras, o que não se agüenta mais na igreja evangélica brasileira não tem nada a ver com qualquer coisa que se possa associar ao termo igreja evangélica, sendo na verdade uma nova versão religiosa do Cristianismo. O Cristianismo, considerado nas categorias das ciências da religião, é uma religião, com muitas expressões condicionadas histórica, social e culturalmente, dentre elas o Catolicismo romano e Protestantismo reformado.

O que se convencionou chamar de igreja evangélica é o segmento do Cristianismo associado ao Protestantismo reformado. Nesse segmento surgiu um novo fenômeno tido como evangélico, mas que aos poucos começou a ser alvo dessas centenas de “não agüento mais”. O que percebo é que esse segmento alvejado pelo “não agüento mais” não é um segmento do Protestantismo reformado e, portanto, conforme historicamente consensado no movimento evangélico brasileiro, não deveria estar associado ao nome “igreja evangélica”.

Em outras palavras, no meu caso, dizer que não agüento mais isso equivale a dizer que não agüento mais o espiritismo kardecista ou o fundamentalismo islâmico. A respeito desse tal segmento da chamada igreja evangélica que inspira os “não agüento mais” eu não digo mais “não agüento mais”.

Digo que é coisa que não tem nada a ver com a identidade evangélica e que, portanto, não é alvo do meu “não agüento mais”, até porque nunca jamais agüentei. Escrever mais um artigo não agüentando mais isso é o mesmo que subscrever um artigo identificando as incoerências e inconsistências dos cultos afro e dizer “não agüento mais”.

Ed René Kivitz

4 comentários:

Anônimo disse...

Foi um pouco prolixo, mas expressou tudo o que penso a respeito. Vamos parar de fazer terra arrasada que não é por aí. Há diversos sinais de vitalidade espiritual. Críticas muitas vezes vem sob o prisma cultural (aquele movimento não têm o viés intelectual que caracteriza minha vida) de gosto (aquelas músicas não refletem o minhas preferências, mas Jesus continua andando no meio de sua igreja apesar dela mesma.

Fabiano Goulart

Unknown disse...

Me alegro com a postura que o Ed adota nesse post. Sentia falta de algo assim.
O que ainda sinto falta seria uma reflexão sobre a necessidade que sentimos, em especial nesse meio evangélico difuso e desordenado, de fazer uma distinção clara entre "nós" e os "outros". Em geral, "não agüentamos" os outros e desejamos que os outros sejam como "nós"!
O problema é que nessas demarcações e distinções que fazemos (doutrinárias?! ideológicas?!) talvez aprofundamos os guetos e não dialogamos ou sequer tentamos sobre o que seria então a nossa identidade, ou a minha e a sua, se é que somos diferentes, e em quê.
Abraços!

Rodney Zorzo Eloy disse...

Não aguento mais o Ed René Kivitz!

Anônimo disse...

eu entendi o texto, mas ele precisa entender o seguinte: existem pessoas sofrendo (sendo vitimas, ate certo ponto) de igrejas q ensinam mentiras.
meu, eu nao aguento ver a injustica.
eu acho que ele tem q se indignar sim.

sabe, eu sempre me oponho do aos evangelicos (de carterinha, nao de alma), pois como o ed rene falou, eles nao representam o q acredito (em muitos casos).

eu entendi o q ele quis dizer: ele nao quer ser reconhecido no meio dessa MASSA.

afinal, temos q ser sal e luz e nao pessoas insanas que querem destruir a globo. e tomar posse do mundo.

nao aguentei... hehehe.

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