18.3.08

O império de (P)Edir Macedo (32)

O senador Marcelo Crivella (PRB) está entre os dez parlamentares com mais verbas de emendas liberadas pelo governo federal e aposta na associação de seu nome ao do presidente Lula na campanha pela Prefeitura. Bispo licenciado da Igreja Universal e integrante da base de apoio ao governo, apresentou projetos polêmicos, como o que permite isenção fiscal na reforma de templos religiosos e o que aumenta em um terço as penas a jornalistas em razão de crimes de calúnia e difamação. "Não sou contra a imprensa, sou contra a infâmia", declara.

FOLHA - Como senador do PRB, conseguiu liberar mais verbas de suas emendas do Rio do que a maioria dos parlamentares petistas do Estado. O sr. é o candidato do Lula no Rio?

MARCELO CRIVELLA - Espero poder ser, mas consegui liberar recursos para minhas emendas em razão da sintonia que mantenho com os projetos do governo.

FOLHA - Nas suas duas últimas derrotas eleitorais, em 2004 na disputa pela prefeitura e em 2006 pelo governo do Estado, o senhor foi rejeitado pelas áreas mais ricas e informadas da cidade. Como mudar isso?

CRIVELLA - Grandes líderes nacionais e mundiais foram derrotados. E os derrotados aprendem com o suplício que o povo lhes impõe. Minha candidatura será da paz, para distensionar a cidade. Meu discurso para a zona sul será que a melhoria da sua qualidade de vida depende da melhoria nas comunidades carentes. Por exemplo, o programa Cimento Social no morro da Providência, primeira favela do Rio, que consegui aprovar para que o Exército ajude na reforma das casas de mais de 700 famílias, ajuda a conter crescimento vertical e a proliferação da dengue.
Vou criar a zona franca social com redução de impostos (municipais, estaduais e federais) para criar empregos a partir das demandas da prefeitura. Temos milhares de placas de sinalização para ser cortadas, dobradas, pintadas e acabadas nessas comunidades. Podemos dar emprego na fabricação de uniformes de 750 mil crianças das escolas municipais e nas roupas de camas para unidades hospitalares. O governo do Estado cuida da violência de hoje, o prefeito cuida da violência de amanhã.

FOLHA - O sr. vai contratar o publicitário Duda Mendonça para comandar sua campanha?

CRIVELLA - Gostaria muito. Conversei com ele várias vezes. Depende de proposta.

FOLHA - Não há constrangimento por ele ter admitido que recebeu dinheiro no caixa dois por campanhas para o PT?

CRIVELLA - O PT é um grande partido, o PRB é o mais jovem do país. A contratação vai depender dos custos e será paga legalmente.

FOLHA - As obras do PAC, que serão bandeiras de sua campanha, não podem ser vistas mais como marketing eleitoral do que como solução para comunidades carentes?

CRIVELLA - O que as obras prevêem é levar para o morro o que existe no asfalto: biblioteca, acesso aos transportes, à saúde.

FOLHA - Qual seu posicionamento sobre pesquisas com células-tronco, aborto, descriminalização das drogas, legalização da prostituição e união de pessoas do mesmo sexo?

CRIVELLA - Sou a favor das pesquisas com células-tronco. Não há na Bíblia qualquer proibição. O aborto é do ponto de vista da criança um fim sem começo, do ponto de vista da mulher o começo de uma dor sem fim. Droga tem de ser combatida; sou a favor do esporte, do ambiente familiar saudável. Prostituição é uma das profissões mais antigas, mas que espero que seja erradicada um dia. Na [sic] acho que a homossexualidade seja natural.

FOLHA - O sr. é um aguerrido opositor da lei contra a homofobia.

CRIVELLA - A lei cria uma censura porque não permite uma opinião contrária ao homossexualismo. Torna crime por supostamente incitar a violência o pai que pretende ensinar ao filho que isso não é natural. Fere frontalmente as garantias individuais que está na Constituição. É a instalação da ditadura gay.

FOLHA - O sr apresentou projeto que aumenta a pena contra jornalistas em eventuais casos de calúnia e difamação. Vou propor ao sr. o dilema a que se refere Thomas Jefferson, um dos pais da democracia americana: é melhor um governo sem imprensa ou a imprensa sem governo?

CRIVELLA - Qualquer poder é arrogante. Imprensa é fundamental. Não sou contra a imprensa, sou contra a infâmia. O projeto pune quem publicar documentos sem autenticidade, as pessoas citadas têm de ser previamente ouvidas. Não é para intimidação, mas para preservar o que a imprensa tem de mais sagrado, que é a credibilidade. Sofri campanhas contra mim e encontrei na humildade cristã a força da honra para suplantar as maquinações dos adversários.

FOLHA - Mais de 70 fiéis da Igreja Universal, de cidades do Acre ao Rio Grande do Sul, entraram com ações judiciais contra a Folha* [em razão de reportagem sobre a expansão empresarial da igreja] repetindo expressões literais em documentos, em tese, elaborados a milhares de quilômetros de distância um do outro. Não é um sinal claro de orquestração e de tentativa de intimidação, porque o jornal tem de enviar representantes a cada uma das cidades em que foi arrolado?

CRIVELLA - Posso garantir que não houve orquestração. Você não vai acreditar, mas não houve. Os evangélicos são pessoas muito caseiras e ficam muito tempo no computador. Quando um faz uma ação, ela circula. As petições são copiadas como foram as que fizemos para tirar dinheiro bloqueado no Plano Collor. Fiz um apelo público para que todas as ações sejam reunidas numa só, permitindo um julgamento único. Compreendo o direito de os fiéis entrarem com as ações, mas acho que elas têm de ser reunidas. Não há interesse paralelo na Igreja Universal. Os pastores e bispos são devotados como os padres nas causas dos evangelhos.

FOLHA - O sr. busca se dissociar da Universal, mas...

CRIVELLA - [interrompendo] Sou senador, freqüento a Universal todo domingo, fui missionário na África dez anos. Quem me associa à Universal é a Folha, que não me chama de senador Crivella e sim de bispo Crivella. Não acho que política se mistura com religião.

FOLHA - Mas quando o sr. apresenta um projeto que permite isenção fiscal para a reforma de igrejas não é o sr. que mistura Estado e religião?

CRIVELLA - A lei já permite isenção para bibliotecas, arquivos, teatros e cinemas. Quando acrescento templos históricos me refiro aos católicos, batistas, metodistas e presbiterianos. Prédios tombados, com mais de 100 anos. Os artistas foram corporativistas porque acham que vão ter de dividir R$ 900 milhões em incentivos da Lei Rouanet. Mas não há conflito com o empresário que reserva 4% do imposto a pagar para reformar um templo. E a Universal não é beneficiada porque tem 30 anos e seus tempos são novos. Nem precisa disso.

FOLHA - Na separação igreja e Estado, não seria justo que as igrejas pagassem imposto?

CRIVELLA - No mundo inteiro não paga. Dízimo e ofertas não são tributáveis em nenhuma parte do mundo.

FOLHA - Mas, quando a Universal pega o dinheiro do dízimo e compra horários de programação na Rede Record, da qual o Edir Macedo [fundador da igreja] é proprietário, acaba se beneficiando do dinheiro que arrecadou e não pagou impostos.

CRIVELLA - A igreja compra também na Bandeirantes, na CNT. Objetivo da igreja é divulgar o evangelho. A igreja vai pagar impostos quando paga aluguéis, salários, compra coisas. Paga impostos com as despesas que tem para divulgar suas idéias.

FOLHA - Empreiteiras que constroem igrejas para a Universal pagas com o dinheiro dos dizemos são as principais contribuidoras de dinheiro para o seu partido, o PRB. Não é um duto questionável de dinheiro?

CRIVELLA - Não há nenhum vício no caminho. Elas financiam outros partidos também. O que importa é se elas são doadoras por fora ou por dentro da lei. Se declarou ao tribunal, como no caso, não há nada demais. As empreiteiras querem agradar a igreja. Há empresas com muita participação de evangélicos. Só os evangélicos não podem se organizar? Esse é o preconceito religioso que falo.

fonte: Folha Online

No comments. Quem tem ouvidos (e olhos)...

3 comentários:

Anônimo disse...

piada pronta: "Os pastores e bispos são devotados como os padres nas causas dos evangelhos."

hahahahaha....

ele parece muito legal, mas o discurso dele é um e da igreja dele é outro. po, pq ele nao rompe com ela?

eu fico triste com os discipulos de jesus desta igreja, nao... acho que fico triste com os que estao vivendo uma ilusao. um amigo cristao ora para uma parente sair dessa igreja, pois ele ve como nao faz com que ela de verdadeiros frutos. isso é soh um caso, tem outros...

gente, essa entrevista está comica!!!!! parece uma materia do estadao que fala do "momento magico"...

piada 2: "Quem me associa à Universal é a Folha, que não me chama de senador Crivella e sim de bispo Crivella. Não acho que política se mistura com religião."

acho q ele tem q falar isso pra igreja dele, q usa suas mídias para passar SOMENTE seu discurso. se passasse o seu e o do outro, td bem, mas é só o seu. Isso se chama INVEJA CRISTÃ, inveja da GROBO, a gente se apropria daquilo que não tem e (eba!) faz o mesmo pra mostrar que a gente é bonito, forte e legal.

dá pra tirar uma lição: TEMOS QUE ORAR para limpar a igreja dessa prostituição!

O que está acontecendo é que a palavra EVANGÉLICO e CATÓLICO dá na mesma, mais uma religião e tal.

Ainda bem que esse blog está mostrando que existe pensamento diferente e que as pessoas estão acordadas e ativas.

Eu sempre imagino um político cristão como um grande democrata, mas aqui no Brasil, se puder, eles tomam o lugar dos imperadores e fazem suas festinhas achando que estão contruindo o reino dos céus, estão construindo o reino deles, com os amigos deles, para os amigos deles, e afastando os que atrapalham a construção do império para a glória deles. Como é mesmo? Icabode?

O pior mesmo é que eles se apropriam dos valores mundanos e dizem que, possuindo isso, estão possuindo o reino. Que reino?

Desculpe-me o desabafo, mas temos que ver como piada, pq levar a sério isso é triste...

Anônimo disse...

Sou uma grande admiradora do Marcelo Crivella, da inteligência, sensatez e serenidade em seu discurso.

Infelizmente, política é uma área de eternos conflitos, e por mais coerente que um sujeito pode ser, sempre haverão opiniões contrárias.

Particularmente, acho impossível ser contra o Marcelo Crivella. As críticas contra ele são, na verdade, conta a Igreja Universal.

Marcelo Crivella piada? Longe disso! Piada é crente falar mal da Universal e falar de frutos. Maus frutos? Uma igreja viva, que em 30 anos já está em mais países que o Mac Donald's, isso é bom demais da conta.

Houveram escândalos? As proporções parecem grandes porque grande é a notoriedade. Grande também é o interesse em difamar.

A maioria das igrejas tem seus defeitos, problemas, pecados ocultos, escandalos....mas quem quer saber disso? Eles s'ao pequenos, inexpressivos. Mas se algu[em tem que ser crucificado, crucifiquem a universal!

Estou cansada dessa hipocrisia de crentes, que fazem questão de deixar bem claro que não tem nada a ver com a IURD.

Ao contrário do que vcs pensam, irmãos, a IURD não pertence ao Bispo Macedo. É uma igreja como as outras, tem falhas, como a sua igreja também tem. E quem comete falhas tem que prestar contas a Deus. Se vc crê na Justiça do Justo Juiz, não precisa se dar ao trabalho de julgar, criticar, nem muito menos falar daquilo que vc não sabe nem entende.

Anônimo disse...

podemos não saber o que se passa internamente na iurd, mas vemos doutrinas que estão fora da biblia e vemos pessoas que estão se prejudicando por causa de falsas doutrinas, falsos ensinamentos.
que a igreja é viva, claro, pois muitos adoram a Deus lá e lá existem muitos servos fiéis, assim como na igreja católica.
mas só algumas coisas questionáveis que eu vi MESMO:

- obreiro fazer propaganda politica como se fosse obra de Deus, tipo, distribuição de santinho
- defesa do aborto
- antes diziam q a record era da iurd, hj sabemos q é do bispo.
- mistura de função da igreja com politica (uma coisa ajuda a outra)
- sem contar que a teologia da prosperidade diversas vezes (nem sempre) leva a pessoa a ganacia, a desonestidade e ao erro

tmb gosto do crivella (mas não sei direito o q ele pensa), realmente ele é inteligente, essa entrevista dele foi muito apropriada. e dai?

vejo outros erros, mas por enquanto é isso.

nao tenho preconceito e nao é perseguição. (estou explicando pq o pessoal acha q td eh perseguicao)

Blog Widget by LinkWithin