Acho que já tive a oportunidade de dizer em meu blog que não tenho acompanhado a música gospel com afinco. Da minha parte, faltam tempo e interesse; do gênero musical, novidades atraentes. Como diria a música dos Paralamas, quase sempre são variações do mesmo tema sem sair do tom. Além disso, a postura de muitos artistas evangélicos é no mínimo frustrante para quem conhece o meio. Não gostam de ser chamados de artistas – preferem o termo bíblico “levitas” – mas agem com mais orgulho e vaidade que um rock star internacional. Some-se a tudo isso os diversos escândalos envolvendo cantores e pastores e o desânimo está mais que justificado.
Bem, mas este post não é para falar mal da música gospel, muito pelo contrário. Quero destacar algo que vi e achei tão interessante a ponto de gastar um tempinho para falar disso e compartilhar o que penso com todos os meus 2 leitores.
Uma brevíssima introdução sobre o assunto deste texto, o cantor e compositor João Alexandre. Paulista de Campinas, ele é um dos (poucos) poetas da música gospel, autor de letras inspiradas e melodias elaboradas que flertam com samba, bossa nova e jazz. Foi um dos criadores da chamada linha “MPB gospel”.
Conheci o mais recente CD de João Alexandre, É Proibido Pensar, graças a um artigo que Elvis Tavares publicou no site da Efrata Music. O que me chamou a atenção foi o clipe da música, à disposição no Orkut. E não foi só a mim, como comprova uma rápida investigação na internet.
Na verdade, o polêmico vídeo, criado pelo blogueiro carioca Tito Von Brauner, é só o cartório. As imagens são como retratos dos bois cujos nomes foram dados pelo próprio João Alexandre na letra de É Proibido Pensar, título inspirado, obviamente, na canção de Roberto e Erasmo.
De forma mais ou menos velada, no esquema “para quem sabe ler, um pingo é letra”, João Alexandre critica várias denominações evangélicas, ao falar do comércio e da teoria da prosperidade que tomou conta de muitas igrejas. A música gospel é atacada em seus modismos e mesmices: os “profetas apaixonados(...) distantes do trono”, o uso de instrumentos orientais, como o shofar (o vídeo ilustra com foto da cantora Fernanda Brum), a cópia de modelos importados, entre outros.
João Alexandre merece ser parabenizado porque está dizendo o óbvio. Quando isso acontece, é porque alguma(s) coisa(s) está(ão) errada(s). E eu insisto: a intenção deste post não era falar da mal da música gospel. Mesmo porque, depois da música de João Alexandre, não há mais o que dizer.
(Marcos Paulo Bin é editor do www.universomusical.com.br e do blog www.marcosbin.com) fonte: Rádio Criciuma
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Um comentário:
Pavarini,
Apesar de o texto não ter sido escrito por você, ele é muito bom e merece uma menção honrosa em seu blog.
Como foi postado, alguns artistas brasileiros do gênero gospel não gostam de ser chamados de artistas (embora o sejam), mas se comportam com ataques de estrelismo fenomenais (nem todos, óbvio). Graças a Deus, existe uma linha de músicos de boa cepa que se preocupa em fazer canções de qualidade, a exemplo de João Alexandre, Sérgio Lopes, Grupo Logos e Vencedores por Cristo, dentre outros.
Excelente texto. Parabéns ao autor.
Um abraço.
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