O que digo acima está presente, infelizmente, na postulação e no discurso de Fernando Gabeira (PV), candidato a prefeito do Rio. Gosto dele, já disse. Na entrevista que concedeu à Folha, não perde tempo com os chamados “temas alternativos”. Mas nem por isso as coisas se aclaram. Ficam até um tanto mais confusas.
De novo, experimentamos a sensação de que a política faz mal ao Brasil. Leiam a íntegra. Ele pede, em suma, o concurso de todos para uma espécie de missão salvacionista: o bem do Rio. Vai se juntar com os tucanos, não rejeita o apoio de Lula e já conta com a simpatia dos governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). Os dois principais líderes políticos do estado, no entanto, o prefeito César Maia e o governador Sérgio Cabral, têm suas próprias escolhas. De novo, um político contra a política. Isso nunca deu certo. Dará agora?
O outro entrevistado, o tal bispo Crivella, é o lulismo com um sotaque que muitos dirão “de direita” — coisa que qualquer direitista comprometido com a civilidade tem de rejeitar de pronto. Seu discurso fácil inclui até uma advertência contra uma suposta “ditadura gay”. Quem é ele mesmo? A mais vistosa expressão política do autoproclamado bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. Também parece falar contra o aborto, numa frase cheia de efeito, embora seu chefe já tenha recorrido até ao Eclesiastes (!!!) para defender a prática. Trata-se, claro, de uma leitura torta do texto. Mas quem se surpreende?
Eu espero que a entrada na disputa de César Maia e Sérgio Cabral contribua para diluir o óbvio risco de termos um “candidato da Zona Sul” (Gabeira) contra o “candidato de quem não é da Zona Sul” (Crivella), o que, é claro, acabaria sendo útil ao dublê de político e “bispo” neopentecostal. Ou só restará um lamento: “Pobre Rio! Tão perto do Cristo Redentor, tão longe de Deus!”
fonte: blog do Reinaldo Azevedo
18.3.08
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