28.4.08

Abre as asas sobre nós (2)

"Ter liberdade de expressão significa poder expressar opiniões polêmicas e até ofensivas."
Colin Powell

O parlamento brasileiro abre o auditório da TV Câmara, nesta terça feira, 29, para receber a III Conferência Legislativa sobre Liberdade de Imprensa. Trata-se de uma realização conjunta da Unesco e da ANJ, com o apoio da Sociedade Interamericana de Imprensa, da Câmara dos Deputados, ABI, Aner, Abert e ESPM.

A ESPM passou a participar desde que passou a abrigar, conjuntamente com o Conar, o Centro de Referência sobre Liberdade de Expressão, único em seu gênero no mundo acadêmico.

Além das autoridades institucionais presentes na abertura – como o vice-presidente da república, os presidentes do Senado e da Câmara e os presidentes das associações profissionais – estarão nas palestras e debates João Roberto Marinho, Júlio César Mesquita, Luis Frias, Roberto Civita, Nelson Sirotsky, Cezar Brito, Mauricio Azedo, senadores Marco Maciel e Jefferson Peres e o deputado Miro Teixeira.

Para os numerologistas, 2008 é um ano importante, pois comemoram-se os 200 anos da Imprensa no Brasil (e da publicidade) e os 100 anos da ABI.

Lembro-me de um anúncio-brincadeira, feito na Almap, quando comecei na carreira – e que acabou sendo aprovado pelo cliente – com o título: Mais uma vez, de novo, pela primeira vez... o produto tal. A frase surreal veio-me à lembrança, para exprimir a sensação de escrever agora sobre liberdade de imprensa – e/ou de expressão: mais uma vez, de novo, pela primeira vez, ou pela última, o momento é importante e delicado.

Numa conversa com amigos, em que o tema foi a estúpida morte da menina Isabella - repetida durante toda a semana que passou em milhões e bilhões de páginas, fragmentos sonoros, espaços visuais e outros suportes midiáticos, ocupando quase que em definitivo a pouca privacidade que ainda nos resta – percebi que eu era um dos únicos a reagir com preocupação à voz aparentemente consensual de que "é preciso que haja liberdade com responsabilidade".

Indiscutivelmente, os valores da democracia e da liberdade passam pelas maiores provas nos tempos de adversidade. A espetacularização de uma tragédia, que transpõe as barreiras do bom senso e do bom gosto, sugerem controles e censura. Um crime bárbaro sempre retira a pena de morte dos porões das consciências. Monstruosidades tendem a gerar mais monstros – e talvez tenha sido por isso que o poeta inglês Kipling tenha definido um homem como alguém capaz de manter a cabeça erguida quando todos os demais a estão perdendo...

É bom que haja a liberdade de imprensa. Mesmo com exageros. A longo prazo a sociedade tem mais a ganhar, havendo liberdade de expressão para todos, especialmente para os que têm opiniões diferentes das nossas e muito mais especialmente ainda para os que têm opiniões diferentes dos poderosos do momento, a coragem e os meios para defendê-las. E a publicidade, muitas vezes, é o fator que viabiliza a independência dos veículos de comunicação.

J. Roberto Whitaker Penteado, no jornal Propaganda & Marketing.

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