Os desumanos absolutistas que sempre existiram querem nos salvar de uma queda inevitável, que aconteceu lá no tempo dos demiurgos. Adão e Eva trocaram o tédio da certeza do divino jardim de delícias pelo desespero da incerteza de cair no abismo humano chamado história. (Qualquer um de nós faria o mesmo!) Desde então, não faltaram déspotas, tiranos, soberanos, ditadores e imperadores cuja mão de ferro se sustenta pelo alto preço da ilusão de dar salvação a uma humanidade eternamente perdida.
A própria condição humana, no entanto, é de sofrer as conseqüências inerentes àquela saída do paraíso — que todos nós fazemos quando nascemos, deixando o ventre paradisíaco da nossa mãe —, porque preferimos a contingência de um mundo feito de gente de carne e osso, onde nos tornamos seres históricos, ao status de divindade do Éden, onde estaríamos condenados a ficar andando nus um ao lado do outro sem perceber que estávamos.
Iludir-nos com quem não somos, portanto, custa caro, mas entender quem somos é de Graça.
Felipe Fanuel
13.4.08
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