17.4.08

Juva Pagodinho

O Juvenal foi tentar mais um emprego em mais uma entrevista. Ao chegar no escritório, o entrevistador lhe perguntou:

- Qual foi seu último salário?

- Salário mínimo - respondeu Juvenal.

- Pois se o sr. for contratado ganhará 10 mil dólares por mês!

- Jura?

- Que carro o sr. tem?

- Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um carrinho de mão!

- Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma BMW para sua esposa! Tudo zero!

- Jura?

- O senhor viaja muito para o exterior?

- O mais longe que fui foi pra Belo Horizonte, visitar uns parentes...

- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque etc.

- Jura?

- E lhe digo mais... O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido. Se até amanhã (sexta-feira) à meia-noite o senhor NÃO receber um telegrama nosso cancelando tudo, pode vir trabalhar na segunda-feira.

Juvenal saiu do escritório radiante. Agora era só esperar até a meia-noite da sexta-feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama.

Sexta-feira mais feliz não poderia haver. E Juvenal reuniu a família e contou as boas novas. Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa a base de muita música. Sexta de tarde já tinha um barril de choop aberto. Às 9 horas da noite a festa fervia. A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta. Dez horas, e a mulher de Juvenal aflita, achava tudo um exagero. A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pra perto do Juvenal. E a banda tocava! E o choop gelado rolava! O povo dançava! Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro. Gastara horrores para o bairro encher a pança. Tudo por conta do primeiro salário. E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio assustada.

Onze horas e cinqüenta e cinco minutos... Vira na esquina buzinando feito louco uma motoca amarela... Era do Correio! A festa parou! A banda calou! Meu Deus, e agora? Quem pagaria a conta da festa? "Coitado do Juvenal!" era a frase mais ouvida. Jogaram água na churrasqueira... O chopp esquentou... A mulher do Juvenal desmaiou... A motoca parou...

- Senhor Juvenal Batista Romano Barbieri?

- Si, si, sim, so, so, sou eu...

A multidão não resistiu: "OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!"

- Telegrama para o senhor...

Juvenal não acreditava... Pegou o telegrama com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e olhou para todos. Silêncio total. Respirou fundo e abriu o telegrama. Uma lágrima rolou, molhando o telegrama.. Olhou de novo para o povo e a consternação era geral. Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler. O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava: "E agora? Quem vai pagar essa festa toda?" Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que o encarava... Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a gritar eufórico...

- Mamãe morreeeeuuu! Mamãe morreeeeuuu!

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