A conversa no jantar logo descambou para o tema violência, como é costume no Rio. G. falou do assalto sofrido pelo filho de um amigo.
O rapaz saía da PUC às 22h quando foi rendido por três bandidos armados. O grupo seguiu para a Região dos Lagos - mais precisamente para Iguaba Grande. O rapaz passou maus bocados. Foi levado para uma favela e obrigado a ficar de cueca. Os bandidos disseram que iam matá-lo e mandaram que corresse.
Saiu em disparada, conseguiu uma carona e foi à delegacia. Explicou para o delegado que tinha que dar queixa por causa do carro, mas pediu pelo amor de Deus que não avisasse a seus pais, que são paranóicos com segurança.
O delegado concordou e o jovem pediu dinheiro emprestado para pegar um táxi e ir de Iguaba até sua casa na Barra. Prometeu que voltaria para devolver o dinheiro, até em dobro.
Os policiais que estavam de plantão com o delegado não concordaram. De maneira solícita, ofereceram:
- Não, imagina, que é isso, nós levamos você até lá.
Já eram mais de 4h da manhã. Encantado com a generosidade, exausto com a via-crúcis e traumatizado com o episódio, ele concordou de pronto.
Nesse momento, viu que o delegado mexia discretamente com a cabeça, indicando para ele não aceitar de jeito nenhum a oferta. Ele gelou. Deu uma desculpa, pediu para usar o telefone e ligou para o pai, que veio voando buscar o filho - nem trocou o pijama.
O estudante conta que mais do que o assalto em si, o que mais o atemorizou foi a polícia. Se não fosse o gesto solidário do delegado, mostrando que não dava para confiar nem em seus subordinados, ele nem tem idéia do que poderia ter acontecido.
Seu pai quer mudar de país.
fonte: blog DizVentura
colaboração: Paulo Sergio Feijolli
Em Sampa o descalabro nas delegacias se repete. Profissionais despreparados se aproveitam da fragilidade emocional das pessoas p/ atender c/ descaso e total falta de respeito. Tudo financiado por vc e por mim.
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