11.5.08

Escrever: a abertura de poços profundos

Escrever pode ser uma verdadeira disciplina espiritual. Escrever pode nos ajudar a nos concentrar, a entrar em contato com o que há de mais profundo em nossos corações, a clarear nossas mentes, a processar emoções confusas, a refletir sobre nossas experiências, a dar expressões artísticas ao que estamos vivendo, e a armazenar eventos significantes em nossas mentes.

Escrever pode ser bom também pra quem vai ler o que escrevemos. Muitas vezes um difícil, doloroso ou frustrante dia pode ser “redimido” ao se escrever sobre ele. Pela escrita podemos reclamar aquilo que vivemos e integrar isso mais plenamente em nossas jornadas. A escrita pode ser uma forma de salvar nossas próprias vidas e às vezes as dos outros também.

Escrever não é apenas uma anotação de idéias. Frequentemente se diz: “Eu não sei o que escrever. Não tenho pensamentos que valham a pena ser anotados”. Porém, a boa escrita, em si, nasce do próprio processo de escrever.

Tal como simplesmente sentamos em frente a uma folha de papel e começamos a expressar em palavras o que está em nossas mentes ou em nossos corações, novas idéias emergem, idéias quem podem nos surpreender e nos levar a lugares interiores que mal sabíamos que estavam lá.

Um dos aspectos mais prazerosos da escrita é que ela abre poços profundos para tesouros escondidos que para nós são bonitos de ver, e às vezes para os outros também. Um dos argumentos frequentemente usados para não escrever é esse: “Não tenho nada de original para dizer. O que quer que eu diga alguém já disse antes de mim, e bem melhor do que eu nunca poderia ter dito”. Esse, contudo, não é um bom argumento para não se escrever.

Cada pessoa humana é única e original, e ninguém viveu o que essa pessoa viveu. Além disso, o que temos vivido não é apenas para nós próprios, mas para outros também. A escrita pode ser uma maneira muito criativa e revigorante para tornar nossa vida disponível a nós mesmos e aos outros. Temos que confiar que as nossas histórias merecem ser contadas. Podemos descobrir que quão melhor escrevermos nossas histórias, melhor desejaremos vivê-las.

Henri J. M. Nouwen

traduzido de Daily Meditation (from Henri Nouwen Society)

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