A Igreja está enferma e na carne

“E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração..." (At 2.37).

Comemoramos hoje o Dia de Pentecostes, que é o Dia da Igreja, o Dia do Poder de Deus disponível. O impacto do Espírito Santo gera corações compungidos. O que está acontecendo na Igreja, com os cristãos – inclusive líderes – quando isso não acontece? Há algo de errado com o Espírito Santo? É óbvio que não! Algo de errado acontece conosco, não estamos nos abrindo à ação do Espírito, estamos bloqueados, fechados, “controlando” a situação, insensíveis diante do mal.

Parece que não nos compungimos diante da perdição das multidões desorientadas, idólatras, esotéricas, que caminham inexoravelmente para o inferno. Uma prova disso é a ausência de uma permanente ênfase evangelística, “estado natural da Igreja”, segundo Michael Greene, com comunidades estagnadas ou declinantes, ou, ainda, totalmente dependentes de programas e movimentos, com os membros desconhecedores ou incapazes de articular o Plano de Salvação sempre, em todo lugar e situação.

Parece que não nos compungimos diante da falta de transformação genuína na vida dos crentes, em termos de valores, alvos, caráter, temperamento. Insensíveis, egoístas, vaidosos, mutreteiros, impontuais, enrolões, pavios curtos não deveriam ser marcas da personalidade dos nascidos de novo.

Parece que não nos compungimos diante de uma Igreja dilacerada pelo denominacionalismo, pelo estrelismo, pelo separatismo, pelo sectarismo, pelo legalismo, pelo amoralismo, pelas heresias, pela maledicência, pela falta de solidariedade, pela falta de amor.

Há uma “inchação” da Igreja no Brasil, que não pode ser considerada como sinônimo de crescimento.

Diante de um quadro trágico, nos acostumamos com a rotinização do mal, não clamamos por misericórdia, não levamos a Igreja ao quebrantamento, à consciência de pecado, ao arrependimento eficaz. Apenas nos acomodamos, desviamos nossa atenção para o ativismo, damos desculpas esfarrapadas.

Os corações não estão compungidos. A Igreja está enferma e na carne.

Até parece que o Pentecostes não aconteceu.

Vem Espírito Santo, e transforma o coração do teu povo!

Dom Robinson Cavalcanti, Bispo Diocesano