14.5.08

Umbanda se aprende na facul

Religião de origem africana, a umbanda conquistou seguidores sem distinção de cor ou raça no Brasil. O corpo discente da FTU (Faculdade de Teologia Umbandista) é um retrato dessa miscigenação. Segundo o diretor acadêmico da FTU, Roger Soares, os adeptos e estudantes da crença na instituição têm perfil mestiço.

Não há estudos estatísticos da FTU, mas é uma afirmação passível de comprovação a olhos nus. A maioria dos estudantes tem pele clara ou mulata. "No grupo de 150 alunos, temos dois ou três brancos e uns dez negros", estima Soares. É preciso levar em conta outra peculiaridade das questões raciais.

"Estudos afirmam que 95% dos brasileiros têm origem afro. É preciso também respeitar a auto-definição, porque você pode considerar uma pessoa negra e ela não se afirmar assim, ou vice-versa", diz Soares.

Os formandos da FTU são bacharéis em teologia umbandista e podem lecionar na educação básica, segundo a sacerdotisa Aramaracyê, nome iniciático da professora Maria Elise G. B. M. Rivas. "Podem também ser pesquisadores de religião e da cultura afro-brasileira, continuar os estudos em mestrado ou pós e trilhar a área acadêmica. Mas não é aqui que o formando vai ser pai ou mãe-de-santo", explica ela.

Mesmo com um mercado aberto aos teólogos umbandistas, a turma parece não ter interesse em usar o diploma profissionalmente. A maioria dos alunos da FTU já tem uma carreira e, por isso, pode se dedicar a estudos menos voltados à formação profissional.

É o caso de Neusa dos Santos, 55: durante o dia, ela é terapeuta holística em São Paulo, e à noite assiste às aulas do quarto ano do curso. "Sou médium e freqüento terreiros há muito tempo, mas só aqui na faculdade compreendi algumas questões da minha religião", conta.

Para ela, o curso é uma busca pessoal e de transformação social. "Trabalho com pessoas e tudo o que estudei aqui agrego à minha profissão. Todos meus pacientes sabem que sou da umbanda e não sofro preconceito algum deles", conta Neusa. A única dificuldade, para ela, foi voltar aos bancos universitários depois de muitos anos fora do ambiente acadêmico. "O primeiro ano é assustador, mas depois você acostuma. Não quero mais parar de estudar".

Estudo religioso

Mesmo os alunos mais jovens mantêm os pés no chão. Ariel Couto Estácio, 17, é aluno do primeiro ano de teologia umbandista e também de publicidade e propaganda no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

"Desde pequeno freqüento terreiros, mas quero aprofundar meus conhecimentos e entender os porquês da religião", diz Ariel. "Vou viver da minha futura profissão, na área de comunicação, mas quero conhecer as raizes da umbanda".

O perfil dos alunos é diversificado: há médicos, advogados, engenheiros, economistas, professores, pintores, empregadas domésticas. No primeiro ano, conta Aramaracyê, um padre católico se matriculou movido pela curiosidade. "Mas ele abandonou as aulas seis meses depois, dizendo que era por motivos de saúde".
fonte: UOL

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