P. Quem sou eu?
UG (rindo). Você sabe muito quem você é.
P. Como assim?
UG. Será que “quem sou eu” é realmente a sua pergunta? Não, não é; você a selecionou em algum lugar. O problema é o perguntador, não a pergunta. Se não tivesse escolhido essa pergunta, você teria escolhido outra. Daqui a quarenta anos você ainda vai estar se perguntando qual é o sentido da vida. Um homem [realmente] vivo jamais faria uma pergunta dessas. É evidente que você não vê sentido na vida. Você não está vivendo; está morto. Se eu lhe revelasse o sentido da vida, em que posição isso deixaria você? O que poderia significar para você?
P. O perguntador existe?
UG. Não, não existe; o que existe é apenas a pergunta. Todas as perguntas são a mesma: repetições mecânicas de questões decoradas. Quer você pergunte “Quem sou eu?”, “Qual é o sentido da vida?”, “Deus existe?” ou “Existe vida após a morte?”, todas essas questões brotam apenas da memória. É por isso que pergunto se você tem uma pergunta que seja sua.
P. Você está dizendo que a questão “Quem sou eu” não sobrevive a um verdadeiro escrutínio?
UG. Porque não é possível separar a pergunta do perguntador. A pergunta e o perguntador são um. Assim que você aceita esse fato a coisa mostra-se de fato muito simples: quando a pergunta desaparece, o perguntador também desaparece. Mas como o perguntador não quer desaparecer, a pergunta permanece. O perguntador quer uma resposta para sua pergunta; como a pergunta não tem resposta, o perguntador permanece para sempre. O interesse do questionador é permanecer, não obter uma resposta.
U. G. Krishnamurti, antiguru
fonte: A Bacia das Almas
17.6.08
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