Um homem velho, com bafo de álcool, olhos remelentos, estende a mão e balbucia um monólogo quase ininteligível a respeito de dinheiro para pegar um ônibus.
Você esbarra em gente assim sempre no centro da cidade. Por dentro, isso fica incomodando.
Madre Teresa, John Wesley, Dwight, L. Moody, João Boca - eles não virariam as costas.
No fim do dia, a racionalização já "tampou o sol com a peneira", eliminando os vestígios de culpa. Afinal, não é possível cuidar de todas as necessidades humanas.
Mas como seria se um cristão levasse ao pé da letra os mandamentos radicais de Jesus e os pusesse em prática?
Tal pessoa poderia se parecer com Louise Adamson. Ela é missionária e tem cerca de sessenta anos. Na década de 40, Louise se ofereceu como voluntária para um trabalho de missões na favela de Atlanta. Nos anos 70 ela trabalhou principalmente com crianças - se Louise cruzasse com crianças vindas de famílias violentas, ela pedia a seus pais que deixassem as crianças morar com ela. Assim, ela foi "mãe" para catorze crianças em sua casa.
Louise Adamson é uma verdadeira excêntrica. Ela não se encaixa no padrão de nenhum ministério ou assistência social que você conheça.
"Uma mãe com a qual tenho trabalhado me ligou ontem por volta da hora do jantar. Fui pra lá na hora e a encontrei no meio do assoalho, com o rosto todo machucado. O marido tinha batido nela de novo. (...) Quando cheguei em casa, recebi outro telefonema por volta da meia-noite. Três velhinhas tinham sido trancadas numa casa durante três dias, sem comida. Fui direto para lá, entrei e passei três horas com aquelas adoráveis senhoras. Fizemos um banquete no meio da noite. Fiquei tão animada que mal consegui dormir quando cheguei em casa."
Louise não tem nenhuma equipe ou programa organizado. Ela não dá recibos dedutíveis do Imposto de Renda para seus doadores. Se você perguntar a ela a respeito do planejamento para os próximos cinco dias, ela já vai ficar olhando para você com um ar de perplexidade.
Ela simplesmente acorda e pede que Deus a use, todos os dias.
Baseado em Excêntricos nas linhas de frente, em Descobrindo Deus nos lugares mais inesperados, de Philip Yancey.
fonte: Metano' ia
Um comentário:
Este texto é muito bem escrito. Mostra a diferença entre ser religioso e ser espiritual. Entre a Palavra e a ação missionária. Exemplos como o dessa missionária de Atlanta deveriam ser mais alardeados. A tarefa primordial da igreja de Cristo é fazer missões.Ir atrás dos perdidos. Temos muitas cristãos servindo mais a Bíblia de Cristo do que o Jesus que a Bíblia fala. Não, não sou pessimista, creio que estamos em tempos de despertamento. Tempo em que os cegos, inclusive os que estão sob a égide de uma placa denominacional abrirão seus olhos. Creio na alegria de Cristo através do olhos remelentos de um mendigo, das faces sujas de um menor abandonado, da magreza angustiante de um drogadicto, da profunda tristeza das prostitutas.Creio que Jesus ainda sai pelo mundo a buscar, principalmente esses!
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