26.7.08

Ad hominem

De quem foi a idéia?

Uma médica recomenda à paciente que perca peso. A moça pensa: “Se ela realmente acreditasse que emagrecer faz bem, ela não seria tão gorda”. Um aficionado por cinema critica de forma severa um filme de Tom Cruise porque discorda das declarações sobre política que o ator deu em uma entrevista recente. Um gerente de banco evangélico ignora o conselho do vizinho no cuidado do seu jardim, porque o homem que mora na casa ao lado é um ateu convicto. Esses exemplos ilustram usos clássicos de ataques ad hominem, nos quais um argumento é rejeitado ou promovido com base numa característica pessoal de um indivíduo, em vez de razões a favor ou contra a própria afirmação.

Colocar o foco no argumentador ou na pessoa que está sendo tema da discussão pode nos distrair das questões que de fato importam. Em vez de nos concentrarmos no caráter de um indivíduo, devemos, nesses casos, propor a nós mesmos perguntas do tipo: O conselho da especialista é correto e pode favorecer a saúde da paciente? O filme de Cruise é divertido? O gramado do vizinho parece saudável? Não se pode negar que ataques ad hominem também podem desacreditar um indivíduo de maneira injusta, especialmente porque tais críticas com freqüência são aceitas como eficientes, principalmente se a conduta do outro esbarra em nossas crenças mais arraigadas ou em mecanismos de defesa contra o que nos angustia.

Embora argumentos contra a pessoa há muito venham sendo considerados erros de raciocínio, uma análise recente sugere que nem sempre foi assim. Em seu novo livro, Media argumentation: dialectic, persuasion, and rhetoric, o filósofo Douglas Walton, da Universidade de Winnipeg, propõe que falácias tais como os ad hominem são mais bem entendidas como perversões ou corrupções de argumentos plenamente satisfatórios. Em relação ao ad hominem, Walton defende que embora tais ataques sejam normalmente falaciosos, eles podem ser legítimos quando uma crítica do caráter está direta ou indiretamente relacionada à idéia que está sendo articulada.

Yvonne Raley. Fonte: Revista Mente & Cérebro.

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