Neste final de junho/início de julho, os e-mails enviados por nós e pelos milhares de clientes do provedor Locaweb para usuários do Terra deixaram de ser entregues e voltaram aos remetentes com esta estranha mensagem da própria Locaweb, classificada na categoria Spam: "Remote host said: 421 4.3.2 rejected: Too much dconnections from hm769.locaweb.com.br".
Reclamando junto à Locaweb, obtive esta esclarecedora resposta escrita: "O problema no envio de mensagens aos usuários do provedor Terra ocorreu devido a simplesmente interpretarem que o nosso servidor estaria enviando um número alto de mensagens. Em contato junto ao Terra, mesmo informando que este número alto deve-se ao fato de possuirmos muitos clientes que mantêm comunicação junto aos clientes Terra, optaram por realizar este bloqueio temporário, de modo a poupar recursos de seus servidores".
Eu, Silvio, esclareço que esta recusa do Terra não foi aos nossos envios de e-mail marketing (pois nós, já escolados, os fazemos por servidores próprios e não pela Locaweb) mas simplesmente aos e-mails pessoais, individuais, enviados um a um, ao longo do dia, para clientes, parceiros, amigos, familiares.
Portanto, quem foi acusado pelo Terra de fazer "spam" não fui eu, nem minha empresa, nem nenhum dos milhares de clientes da Locaweb, mas simplesmente a própria Locaweb, penalizada pelo fato de ter muitos clientes e estes terem muitos contatos com clientes Terra.
E foi o próprio analista da Locaweb quem me deu esta explicação final para o fato: "Provavelmente os servidores do Terra não suportam a grande quantidade de conexões que estão sendo geradas e por isso informam 'Too much dconnections from hm770.locaweb.com.br'". E com base nisso, explico eu, o Terra deu o veredicto: quem envia muitos e-mails é spammer e está "rifado": fogueira para a Locaweb!
Certamente não por acaso estes fatos (que tenho documentados) aconteceram até poucos dias antes do grande "apagão" da rede da Telefônica nos dias 2 e 3 de julho, que deixou sem internet todo Estado de São Paulo e causou prejuízos comerciais, sociais e pessoais a milhões de pessoas.
Sabendo que o Terra pertence ao grupo Telefônica, não é preciso ser nenhum Sherlock Holmes para deduzir que a pane da Telefônica deveu-se simplesmente à sobrecarga, isto é, ao fato de venderem mais serviço do que têm capacidade de atender. E ao mesmo tempo fica assim desmascarada a fúria "anti-spam" da sua afilhada Terra, que censura despudoradamente as mensagens enviadas e recebidas por seus clientes, em conteúdo e quantidade, em tese para proteger a todos do "spam", mas na verdade para reduzir o tráfego em sua própria e insuficiente rede.
Na ânsia de impedir que seus servidores recebam mais mensagens do que têm capacidade de processar, o Terra classifica a tudo e a todos como "spam" e chega ao cúmulo de botar um chapéu de "spammer" em um dos maiores provedores privados do Brasil, a Locaweb, simplesmente se recusando a receber mensagens de qualquer de seus milhares de clientes usuários.
Coitada da Locaweb? Não, coitados dos seus clientes, porque a Locaweb bem que merece beber deste veneno que ela também prepara em sua cozinha. Sim, porque ela também, acometida desta mesma fúria "anti-spam", já andou aprontando muito no mercado, censurando os e-mails enviados e recebidos por seus clientes e tirando do ar os sites daqueles que foram por ela tachados de "spammers", simplesmente por terem ousado mandar e-mails para suas listas de clientes.
Sim, é bom que se divulgue finalmente que foi a Locaweb que ousou tirar do ar o site da Abemd (Associação Brasileira de Marketing Direto), acusando de fazer "spam" a própria entidade que têm entre suas missões a de zelar pelo uso correto do e-mail como ferramenta de marketing e que editou um manual de "boas maneiras" do e-mail marketing. De que "crime" foi acusada a Abemd para ser condenada à fogueira inquisitória pela Locaweb? De mandar suas newsletters para associados e profissionais relacionados, dando notícias do mercado e de suas atividades. Que "horror", não?...
Pois é... a Locaweb, como a Telefônica com o seu Speedy e com o seu Terra, também prefere clientes que paguem pontualmente as suas mensalidades e utilizem bem pouquinho o serviço, para poupar sua banda (bem menos larga do que anuncia) e assim, evidentemente, reduzir os seus custos. E para não terem que confessar seus verdadeiros motivos, estes e outros provedores travestem-se com a fantasia moralista do "anti-spam", fingindo-se preocupadíssimos com a "privacidade" dos seus clientes e daqueles a quem estes tentam em vão direcionar as suas mensagens. E acabam deixando mesmo esses clientes, compulsoriamente, na mais total privacidade, porque isolados do mundo!
Foi preciso um apagão geral da "mamãe" Telefônica para que ficasse claro o que está por trás de todos esses "paus" que geram "instabilidades" e "interrupções momentâneas" dos serviços com freqüência cada vez maior na internet. Não adianta fingirem que não sabem a causa, que estão "analisando", que foi uma "falha rara" e outras desculpas esfarrapadas. Da mesma forma que, todos sabem hoje, os apagões elétricos que sofremos há algum tempo foram causados pela falta de investimentos em infra-estrutura, fica evidente que os apagões "internéticos" têm a mesma causa, agravada pela ganância de empresas que querem faturar o máximo oferecendo o mínimo a seus clientes.
Afinal, onde estava o backup deste roteador de Sorocaba que, segundo eles, foi acometido de tão rara e inexplicável moléstia? A resposta todos adivinham: não deve haver backup nenhum: tudo o que eles têm de equipamento deve estar em serviço e ainda assim não dá conta do recado. Nisto tudo só de uma coisa não sabemos: onde está a Anatel que não a vemos?
Silvio Lefèvre, no Propaganda & Marketing.
14.7.08
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