Lá estão eles, cristãos de diferentes matizes, a protestar em frente ao Senado contra a votação da lei que criminaliza a homofobia. Um deles brande um cartaz com os dizeres: E o que faremos com a Bíblia? A rasgaremos?
Lá estão eles, em Brasília, guardiões zelosos da palavra divina, a lutar em sua jihad particular (e insana) a favor do preconceito e do retrocesso. Preocupam-se com o que farão com a Bíblia. Não se preocupam com o que sentem homossexuais quando são ridicularizados, agredidos, desrespeitados e condenados.
Que espécie de cristãos são esses, que carregam com orgulho e arrogância as bandeiras escuras do preconceito? Não desrespeitam em primeiro lugar ao próprio Cristo, que pregava a compaixão?
Notem: não se discute ali a união de pessoas do mesmo sexo. Não se discute ali a descriminalização do aborto, ou da maconha, temas mais complexos, embora igualmente urgentes e, na minha opinião, passíveis de imediata avaliação, discussão e aprovação. Discute-se apenas a possibilidade de se transformar em crime o desrespeito aos homossexuais. Notem: discute-se apenas um direito básico, humano, de respeito às opções sexuais de cada um.
Na última edição de VEJA, o colunista André Petry (leia) observa que nos anos 60 do século passado, nos Estados Unidos, membros da organização racista Ku-Klux-Klan também protestavam contra a criminalização do preconceito contra negros. É fato. "Então poderemos ir para a cadeia por fazer piadas com crioulos?", protestavam os membros da KKK. "E a nossa liberdade de fazer piadas com crioulos? Como fica?", argumentavam. "E nossa liberdade de queimar-lhes as casas, açoitar-lhes as costas, tirar-lhes as vidas, como fica?"
A Ku-Klux-Klan faria boa companhia aos cristãos homofóbicos de Brasília.
7 comentários:
Sérgio
Desculpe, mas não posso concordar que a luta de grupos evangélicos contra a PL 122/2006, seja algo em vão, equivocado ou mais uma idiotice gospel. Não posso concordar com o Caio Fábio, que chama esses pastores de homofóbicos. Não posso concordar com os emergentes que dizem ser essa uma luta vã e anti-cristã. Não posso concordar com os fundamentalistas que resumem suas lutas contra essas leis e esquecem de outras questões igualmente importantes. Não posso concordar com os teólogos marxistas que se preocupam somente com o bem-estar social e desprezam esse tipo de luta. Não posso concordar com os cristãos pós-modernos que valorizam uma tolerância sem verdades absolutas, descontrutivistas em sua natureza revisionista.
Por isso sou contra a PL 122/2006, pois não quero ver vários “Ake Green(s)” serem presos por pregarem Romanos, capítulo 01.
Um abraço,
Gutierres Siqueira
Eu concordo também com muito do que voce não concorda Gutierres.
Só que discordo de você, e não concordo com o sermão do Ake Green - que motivou a sua prisão. Ele pode ter citado Romanos 1, mas seu sermão foi um pouco além - como costumamos fazer ao nos inflarmos de autoridade espiritual.
E sempre que há iniciativas isoladas pelos ditos 'líderes' da comu evangélica brasileira - me dá arrepios (pra dizer o mínimo).
a verdade é que há um temor de que isso seja o início de algo que pode ser forte no futuro: a perseguição extrema.
um dia nero existiu.
o chato é essa guerra gays x cristãos, na verdade, isso não existe, mas forçam para nos afastar dos homossexuais.
fiquei chocado com os textos titânicos, parece existir uma insistência de acabar com qualquer idéia de se adorar a Deus.
triste! :(
homem primata, capitalismo selvagem...
Tudo isso que esta acontecendo, é tão somente cumprimento da palavra de DEUS, e infelizmente a coisa vai piorar, pois seremos levados diante dos tribunais por causa a palavra de DEUS. Só quero ver no dia do juízo estes sodomitas e os que os defendem buscarem seus direitos, preconceito isso e só uma desculpa, pela falta de compromisso com DEUS.
Fico admirado, com essa declaração desse tal(pessoa pouco conhecida), pois, ao lembrar-mos o que está escrito na Palavra de DEUS, difere muito com suas convicções. Romanos 1: 24,25,26 e 27.
"Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pela concupiscência de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si;
pois eles mudaram a verdade e servindo a criatura em lugar do Criador(Deus), o qual é bendito eternamente. Amém.
Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza;
semelhantemente, os homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro(AIDS)"
Estou aqui não como um estremista radical, mas depois destas palavras precisa falar mais alguma coisa, homens pobres de raciocínios, somente a favor do seu próprio desejo e vontade sexual.
Não odeio o homossexual, como pessoa, não concordo com o seu modo de agir. Tive vontade de transcrever esse texto da Bíblia porque alguns falam nela e nem sabem o que ela contém. Um abraço
Bem, pessoal, tomei a atitude de escrever ao Tony Bellotto.
Eis abaixo nossa correspondência.
Prezado Senhor Bellotto,
Li seu Ku-Klux-Klan em Cenas Urbanas de Veja e como seu colega de revista, Sr. André Petry, parece que não se deram ao trabalho de ler qualquer das duas propostas de lei – nas duas casas do legislativo nacional – que ganharam o genérico nome de “lei da homofobia”. Menos ainda, julgo pelo seu escrito, os argumentos dos cristãos que se opõem a tais propostas de lei.
Mas como hoje, em tempos de internete, fácil é opinar sobre qualquer coisa sem ao menos saber do que se fala...
Para começo de conversa a palavra “homofóbico” é absurdamente descabida. Mas como o senhor intitula sua fala de ku-klux-klan, e não se pode dizer que isto é exatamente uma liberdade poética, que mais dá se os cristãos não caçam homossexuais nas ruas ou os espreitam nas praças das cidades como o fazem baderneiros, pseudo-nazistas e outros bichos?
O senhor fala de jihad particular (e insana) porque os cristãos ousam expor sua opinião, democracia e direito de falar só é válido aos que defendem as propostas da lei? O senhor, de forma parcial, sequer se dá ao trabalho de entender porque os cristãos se opõem. Por que o faria, não é? Saiba que os dois projetos de lei colocam todos os cristãos, mormente os padres e pastores, na ridícula situação de, mesmo num sermão, não poder falar ou recitar qualquer texto bíblico que condena a prática homossexual ativa como pecado. Ora, isso não coloca qualquer homossexual em perigo de vida, ou o senhor explica as agressões a estas pessoas por causa disso? Mais, a simples publicação da Bíblia, estará passível de ser impedida, sem contar a cadeia para quem o fizer. Se isto não fere a liberdade de culto, o direito de livre expressão, não sei mais o que ferirá.
O senhor, por não ter lido os projetos de lei, afirma: “Discute-se apenas a possibilidade de se transformar em crime o desrespeito aos homossexuais. Notem: discute-se apenas um direito básico, humano, de respeito às opções sexuais de cada um.” Não é assim. O movimento cristão não entra nesta seara de escolha sexual, a própria Bíblia não o faz, pois cada um tem liberdade de ouvi-la ou não.
Tampouco a lei cuida apenas deste detalhe do “desrespeito aos homossexuais” como o senhor considera tão candidamente. Ela criminaliza a fé de outros e dá um poder a homens e mulheres homossexuais que não se dá a nenhuma outra categoria de cidadãos no Brasil. A lei, senhor Bellotto, é um disparate, um despropósito, pois homossexual ou não, antes de qualquer escolha sexual ou não, estas pessoas são cidadãos e cidadãs, as mesmas leis que protegem aos demais, também são para os eles.
“Que espécie de cristãos são esses?”, o senhor pergunta. Cobra posição dos cristãos alegando a compaixão de Cristo, e está certo, ele é compassivo, mas ao mesmo tempo, ele sempre propôs aos homens e mulheres com quem se deparou uma nova forma de viver, ele aceitou cada pessoa, não sua forma dissoluta de viver.
Por fim, desculpe o texto extenso, rejeito sua comparação, diria, esta sim, desrespeitosa, entre os cristãos que foram a Brasília manifestar-se contra os projetos de lei que ferem a Constituição Nacional e a ku-klux-klan. Mas é normal quando não se tem argumento suficiente, ou apenas fala-se bobagens porque, supostamente, julgamos que nossa fala tem um peso qualquer.
Eudes Oliveira de Alencar
Caro Eudes, realmente não li os detalhes da lei, e acredito que ela possa ser aperfeiçoada. O importante é que se proteja do preconceito e do desrespeito pessoas que fazem opções sexuais diferentes da maioria. Não comparei cristãos aos membros da KKK, isso seria desrespeitoso da minha parte. Apenas sugeri pela comparação que às vezes, sem perceber, por tradição ou fundamento religioso, temos atitudes preconceituosas. Abraço, Tony Bellotto.
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