27.7.08

Fugindo de Jó

Nestes dias de "teologias de prosperidade", o Livro de Jó, não é muito compreendido dos cristãos. Jó tornou-se um personagem desinteressante no meio do circo cristão das teologias do sucesso.

Sua profundidade ofende a irreflexão daqueles que acham que tudo se resolve com palavras de ordem fortes, ditas em nome de Deus; e especialmente, insulta e afasta os supersticiosos que vêm o pecado-pessoal-comportamental-moral, como sendo sempre a causa-efeito de todos os sofrimentos inexplicavéis. Assim, a não compreensão da mensagem de Jó, faz as pessoas fugirem dele e do realismo que ele traz à Graça de Deus na dor da vida. Para muitos, parece que "dá azar" ler o Livro de Jó.

Quem é cristão e pensa assim, está como que inconscientemente, apostatando da fé em Jesus e optando pelo hinduísmo ou por qualquer credo que estabeleça uma relação de causa e efeito, em todo sofrimento humano. A fé em Jesus, não comporta tais conteúdos!

O livro de Jó foi escrito para relativizar o juízo de um homem contra outro! Sim, o que nos custa a crer é que todo o esforço de Jó foi para “despadronizar” o juízo! Ele cria na inescrutabilidade da relação de Deus com cada indivíduo. E, justamente por isso, ele também afirma que se de um lado o homem pode alterar as leis universais; o que ele, de fato, sozinho, não consegue, é entender, e, muito menos ainda, alterar o seu próprio coração.

Jó, portanto, crê que cada indivíduo é julgado sozinho e de acordo “com suas próprias obras”. E mais: ele crê que esse julgamento apenas compete a Deus, pois, de fato, a complexidade humana não admite padronizações exteriores ou morais para o julgamento.

O dia da perplexidade é sempre solitário. E nele todo gemido é verdade e toda verdade é gemido perplexo! Os cristãos ainda não se deram conta de que sua “teologia” da Graça não coincide com suas interpretações cotidianas do sofrimento humano e, muito menos, não retrata com realismo os fatos da vida. E assim, sem o saberem, tornam-se parte do fluxo religioso universal, que entende a questão da dor e de tudo o que seja inexplicável, a partir de um encontro de contas exatas entre Deus e o homem, anulando, assim, a Graça.

É muito comum no meio evangélico, se dizer que a pessoa "tem pagar o preço". Na Graça o “encontro de contas” acontece, mas quem paga a diferença contra o homem é Aquele que disse: “Está consumado!”. Melhor dizendo o preço já foi pago, e foi pago na cruz.

Juber Donizete Gonçalves, no blog Cristianismo radical.

2 comentários:

juberd2008 disse...

Sérgio,

Fico honrado de ter um texto meu postado no seu blog. Muito obrigado.

Abraço,

Juber

Anônimo disse...

Pavarini, puxa vida, que texto maravilhoso! Como sintetizou de forma clara e precisa esse ensino bíblico. Como se diz em "crentês" foi tocado por esse texto.

Meus Parabéns!


Sinomar Ferreira

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