Essa pretensão à onipotência, nosso mais profundo segredo e nossa mais íntima vergonha, é, de fato, a fonte de todos os desgostos, de toda a infelicidade, de toda a insatisfação, de todos os enganos e decepções que sofremos (…)
Essa pretensão radical, psicológica à onipotência é a profunda impureza que mancha e divide a alma pura do homem. Essa exigência da parte de uma criatura limitada para ser tratada como o Ser Supremo e Absoluto é a terrível ilusão que nos condena à escravidão das paixões, da loucura e do pecado (…) A vida de uma alma pura torna-se extremamente simples. Mas a alma impura é e deve ser singularmente complicada. Há tanta coisa a fazer!
É preciso fazer valer-se e se exaltar e, ao mesmo tempo, crer-se humilde e pronto ao sacrifício de si. É preciso acariciar, a todo custo, o sentimento de santidade e nobreza de que dependem a paz e a felicidade dessa alma.
Portanto, é necessário estar alerta para notar todas as fraquezas e imperfeições dos outros, porque são, potencialmente, rivais. E é necessário ainda que esses outros sejam punidos “caridosamente” e “humilhados” docemente para que não levantem a cabeça à altura da nossa no caminho real da santidade.
Thomas Merton em “A vida silenciosa” (Ed. Vozes) [via blog Amarelo Fosco].
20.7.08
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