Para a Moulinsart, a sociedade que reúne os herdeiros de Hergé, a nova versão da vida de Tintim "perverte a essência do personagem". Com isso não concorda o autor do livro, que foi publicado no ano passado como uma homenagem a Hergé pelo centenário do seu nascimento. Altarriba lamenta o estrito controlo dos herdeiros de Hergé sobre Tintim e diz que a medida abre um importante debate sobre o exercício de um direito legítimo de propriedade intelectual e a censura.
Um Tintim adulto e desencantado
Na versão do autor espanhol, Tintim já não é um rapaz. Completou 30 anos e trocou a profissão de repórter pela de "paparazzi". O mundo à sua volta desmoronou: Haddock, o capitão que andava sempre à procura do bar mais próximo, tornou-se um alcóolico; o professor e cientista lunático Tornesol foi internado num hospital psiquiátrico; ja 'Milu', o inseparável cachorro forrestier branco, morreu.
Um Tintim adulto, desiludido e longe da imagem de herói da sua juventude, ainda mais nesse contexto, era demais para os herdeiros de Hergé. A agravar a situação, Altarriba decidiu abordar um assunto tabu: a sexualidade do eterno adolescente e a ausência de mulheres na história.
A revisão da vida de Tintim desagradou em cheio à sociedade de herdeiros. Inicialmente, os advogados da Moulinsart tentaram impedir a distribuição do livro, cuja primeira edição de de 1.500 exemplares foi publicada. Depois, quiseram que a cadeia de livrarias FNAC suspendesse a sua venda.
A editora conseguiu que nada disso acontecesse. Até que, no passado mês de Maio, os herdeiros voltaram a bater na mesma tecla, desta vez alegando que apesar de não haver delito a publicação representava uma "perversão" do personagem. O resultado é que os advogados das partes entraram em acordo, comprometendo-se a editora a não reeditar o livro.
'El loto rosa' reúne cinco ensaios que analisam a fundo o personagem e as suas aventuras, ilustrados por Ricard Castells e Hernández Landazábal. No final do livro, o autor imagina a vida de Tintim doze anos depois da morte do seu criador.
fonte: Expresso
colaboração: Alzira Sterque
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