21.9.08

Quando a nação vira pagode

Estava no início da noite de ontem me dirigindo a TV Boas novas para participar do programa “masculino”, quando em meio ao engarrafamento resolvi escutar uma boa música. Para minha surpresa, ao ligar o rádio do meu carro iniciava-se o horário político gratuito. Querendo me divertir, resolvi ouvir as baboseiras dos nossos ilustres candidatos a prefeitura.

Depois de muito blá-blá-blá, promessas descabidas, além dos costumeiros jargões, atentei-me aos jingles usados pelos nossos nobres políticos. Por incrível que pareça a esmagadora maioria das canções cantadas tinham no samba seu ritmo preferido.

Pois é, neste país tudo termina em samba. Na verdade, parece que parte do povo brasileiro respira samba e futebol. Infelizmente nada nessa nação mobiliza tanto o cidadão do que Carnaval, Copa do Mundo, mulheres nuas, muita bebida, além da enganosa impressão de que tudo vai muito bem à república tupiniquim.

Caro leitor, falta a muitos destes senhores vergonha na cara. Nosso país sofre em virtude da violência, nossas crianças são comercializadas, nossos trabalhadores escravizados, nossos pobres humilhados, nossas mulheres prostituídas, e estes "gentis" politicos fazem da vida um grande pagode.

Fico a pensar o quão diferente poderia ser o Brasil, se o esforço e dedicação destinados as festas populares, fossem revertidos na construção de uma nação mais justa e equânime. Por que a mesma massa que lota o sambódromo em dias de Momo, não se mobiliza a favor da ética e da vida? Por que os milhões de pessoas que param defronte a TV, para assistir a um jogo da seleção brasileira, não se movimentam cobrando daquela “casa de tolerância”, denominada Congresso Nacional, moralidade e decência?

Sou obrigado a confessar que ao ouvir milhares de vozes em uníssono gritando entusiasticamente que é brasileiro e quem tem orgulho disso, me faz ter impressão de que infelizmente nos acostumamos a velha politíca do pão e circo.

Por favor, seja sincero, pare e pense: orgulho de que?

Como bem afirmou Affonso Romano de Sant'Anna, eu tenho é vergonha de ser brasileiro.

“Que vergonha, meu Deus!
Ser brasileiro e estar crucificado num cruzeiro
erguido num monte de corrupção.
Antes nos matavam de porrada e choque nas celas da subversão.
Agora nos matam de vergonha e fome exibindo estatísticas na mão.
Estão zombando de mim. Não acredito.
Debocham a viva voz e por escrito.
É abrir jornal, lá vem desgosto.
notícia é um vídeo-tapa no rosto.
vez é mais difícil ser brasileiro.”

Tenho vergonha deste país promíscuo, onde o jeitinho é quem dita as regras. Tenho vergonha dos políticos safados que se locupletam do poder publico, enriquecendo suas contas bancárias lixando-se para as dores dos pobres e miseráveis.

Tenho vergonha dos contrabandistas, dos cafetões e cafetinas de colarinho branco, dos que traficam influência, de assassinos, terroristas, corruptos de todos os tipos que transformaram esta nação em covil de salteadores.

Que Deus tenha misericórdia do Brasil.

Renato Vargens

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