Eu me lembro do momento em que cuspi o teu silêncio, no exato instante em que os teus olhos encostaram nos meus, e o eixo do meu corpo transbordou. Eu estava de olhos fechados, mas lembro-me claramente como foi que esticou o pulso para alcançar-me. Prestava atenção em ti, como se isso fizesse saltar e desabrochar de mim todos as certezas que você não tinha. Eu também não possuía nada mais do que alguns segredos, e mesmo assim você gostava. De mãos vazias, de pés descalços; você me despia. Imaginava. E eu não te cobrava nada, além de uma dose pura de entrega. Tomava vagarosamente em um gole só, e perguntava: 'Como é ter meu coração virgem para amar?' E depois você acordava.
Gabriele Fidalgo, no blog Versos de Falópio.
Gabriele Fidalgo, no blog Versos de Falópio.
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