4.10.08

Quem tem saudade não morre, mas adoece

Saudade é um parafuso
Que na rosca quando cai,
Só entra se for torcendo,
Porque batendo num vai
E enferrujando dentro
Nem distorcendo num sai.

Saudade tem cinco fios
Puxados à eletricidade,
Um na alma, outro no peito,
Um amor, outro amizade,
O derradeiro, a lembrança
Dos dias da mocidade.

Saudade é como a resina,
No amor de quem padece,
O pau que resina muito
Quando não morre adoece.
É como quem tem saudade
Não morre, mas adoece.

Adão me deu dez saudades
Eu lhe disse: muito bem!
Dê nove, fique com uma
Que todas não lhe convêm.
Mas eu caí na besteira,
Não reparti com ninguém.

Antônio Pereira de Moraes, poeta pernambucano.

Conhecido como o poeta da saudade, nasceu a 13 de novembro de 1891, no sítio Jatobá, hoje município de Itapetim (PE) onde viveu até a morte, em 07 de novembro de 1982. Violeiro e poeta popular, ele mal assinava o nome e nunca fez da arte a sua profissão, tendo sobrevivido como modesto agricultor. Antônio Pereira participava de jornadas de improviso apenas com os amigos e os seus versos sobreviveram ao tempo porque eram repassados verbalmente pelos seus admiradores que os decoravam. Em 1980, com a ajuda de amigos, publicou seu único folheto, "Minhas Saudades", uma coletânea de sua poesia.

Um comentário:

Anônimo disse...

O autor abriu a caixa de ferramentas!?!?

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