11.11.08

Minha Esperança Brasil (2)

O texto de Thiago Bomfim sobre o projeto “Minha Esperança” promovido pela associação do pastor Billy Graham – expoente pregador que viajou por todo o Estados Unidos e Europa levando os ensinamentos cristãos. O autor do referido texto disse, em suma, que a ênfase em números, a linguagem triunfalista do projeto e também a manutenção de celebridades de peso no mercado gospel é a estratégia para alavancar o empreendimento que custará 30 minutos em horário nobre. Segundo o autor, a televisão, além de entretenimento, é um comércio que desloca e suga muitos recursos que poderiam ser utilizados num meio mais eficiente.

Eu apreciei o texto e o repliquei para meu grupo de contatos. E como era de se esperar, recebi respostas negativas à mensagem e inclusive uma recomendação para tratamento psiquiátrico (risos). Fico impressionado como pessoas se privam do direito que tem de opinar para fazerem um mundo melhor a partir do contexto em que vivem. Os protestantes do passado se transformaram nos evangélicos de hoje, tolerantes quanto ao que é feito da igreja.

Por exemplo, conheço uma comunidade que no ano de 2007 reservou 30% (algo em torno de 150 mil) da sua arrecadação anual para verba pastoral e apenas 8% para missões. Você acha que alguém falou algo que confrontasse o modus operandi da liderança que mantém um pastor como uma empresa mantém um executivo? Acho que não. Também pudera, com todas as ameaças de se tocar no “ungido de Deus” acredito que poucos se encorajem a denunciar tais práticas pelo medo das ameaças da religião.

Você acha também que alguém vai "protestar" contra os milhões gastos todos os meses em mídia evangélica, alegando com isso que muitos estão se “convertendo” por tais programas que vendem mais Jesus do que o anunciam como proposta de Deus ao homem? Duvido. Sabe o que as pessoas preferem? É o vício eclesiástico. Elas sentem-se bem por estarem no lugar certo, na hora certa, vestindo as roupas adequadas para que possam ser vistas pelas pessoas certas. É o clubinho da fé. E tudo que ameaça a hegemonia da paz e conforto do clubinho evangélico é tratado como indiferença e até mesmo violência.

Quando vejo que a iniciativa evangelística é tratada como missão, fico feliz. Porém, os meios pelos quais a mensagem é anunciada, dão-me a impressão da estratificação do Evangelho. Fico pensando nas regiões que não possuem transmissão televisiva ou sequer uma televisão para assistir o programa. Quando penso que há lares que sequer possuem uma televisão, penso também nas favelas, na educação de crianças pobres, na saúde da população, na cultura desgraçada de uma sensualidade incentivada, nos moradores de rua largados e moribundos.

Penso que a grana gasta nesses canais que só ajudam Marco Feliciano a vender roupa e o Malafaia a vender enciclopédias e bíblias e mais, digo que seria mais vantajoso à causa evangelística que todo o rio de dinheiro arrecadado para que o “Minha Esperança” conseguisse ao ar por trinta minutos, fosse empregado na manutenção de creches, hospitais, asilos e centros de inclusão de pessoas à margem da sociedade. Se a política é tão pragmática quanto a tratar os problemas na medida da aquisição de votos pelos governantes oportunistas; vejo programas de assistência voluntária que conseguem angariar recursos na visão de bem comum para a sociedade, como por exemplo, o “criança esperança”, “teleton” e etc... Fazem o papel que a igreja deveria estar fazendo, sem barganhar ou esperar que o governo cumpra o seu dever para com o cidadão.

Bem, esse assunto me enfastia...

Márcio Rocha, no Blog dos Genésios.

6 comentários:

Cerestino disse...

também a mim irmão.


minha esperança é a mudança dessa mentalidade capitalista e um retorno à essência do Evangelho, o amor.

Anônimo disse...

Por que a generalização e o preconceito são tão atraentes? Sou evangélico, membro assíduo de igreja, mas reprovo a mensagem e os métodos de Marcos Feliciano, Malafaia e Cia.
As pessoas tem todo o direito de acharem as igrejas locais uma grande perda de tempo, ou mesmo terem a opinião de que a fé evangélica é um grande equívoco; as pessoas são livres para pensarem o que quiserem.
Mas alto lá, cara-pálida. Desqualificar os que possuem convicções diferentes, sugerindo serem eles pouco inteligentes, parece-me tão ilegítimo quando soltar o famoso: "não toque no ungido de Deus".
Um se esconde na religiosidade (ou pseudo), outro se esconde no intelectualismo (ou pseudo, também).
Sabe, tem muito evangélico gente boa, inteligente, que acaba se ofendendo com as falácias que as generalizações criam. As vezes somos muito tolerantes com o vizinho, e tão pouco tolerantes com os de casa.

Abraços,

Daniel Mário

Anônimo disse...

Por que será que tão poucos brasileiros perguntam o que está por detrás dessas iniciativas? Não queiram dizer que um "super" evangelista norte-americano precisa vir, via satélite, salvar as almas? O modelo está errado, a motivação é obscura e os resultados, mínimos.

Chega!!! O Pava tem razão, o modelão evangélico foi rebaixado há tempo, e não sabemos a qual divisão (Quinta?.

Kléber.

Sidnei Moura disse...

Pava,

Entendo que a provocação de alguns internautas em relação a postagem foi no mínimo infeliz, porém acredito no projeto, pois considero-o saudável.

Fiz questão de postar minha opinião sobre o assunto, e gostaria q vc passasse por lá. É só seguir a URL: http://sidneiemoura.blogspot.com/2008/11/uma-palavra-sobre-o-projeto-minha.html

Abraço!

James Prado disse...

Precisamos voltar a viver o cristianismo como estilo de vida. Acredito na Bíblia e na possibilidade de viver o que esta escrito.
Podemos até criticar este trabalho Minha Esperança, mas e os frutos disto? Será que vale a pena?
Somente na igreja que frequento foram mais de 170 conversões nos 3 dias do projeto.

Rogério disse...

Certa vez, uma impostora, fazendo truques (isso foi comprovado), participou de um congresso aqui na minha cidade e fazendo os truquinhos, disse que era manifestação de Deus. Muitas pessoas se converteram naquele dia, no calor da emoção do sobrenatural.
Deixo a pergunta no ar: Se você tivesse aceitado Jesus naquele dia, depois de ver aquela "manifestação poderosa" e depois descobrisse que tudo foi uma farsa, um teatrinho com mágicas vistas em festas infantis, como vc se sentiria?
Portanto, nem tudo feito em nome Jesus é válido. Tem gente que acha que basta usar o nome de Deus, causar uma emoção, usar técnicas de convencimento e tá tudo legal, afinal é pra Deus né?

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